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Congresso busca atualizar tetos do Simples e do MEI, congelados desde 2018

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Os limites de faturamento do Simples Nacional e do Microempreendedor Individual (MEI) permanecem inalterados desde 2018 e, após sete anos de inflação acumulada, milhares de pequenos negócios foram automaticamente desenquadrados dos regimes especiais. Para reverter esse quadro, deputados e senadores discutem projetos que elevam os tetos e estabelecem correções anuais.

Propostas em análise

O Projeto de Lei Complementar (PLP) 108/2021, de autoria do senador Jayme Campos (União-MT), propõe elevar os limites de receita bruta anual de:

  • R$ 81 mil para R$ 144,9 mil no MEI;
  • R$ 360 mil para R$ 869,4 mil nas microempresas;
  • R$ 4,8 milhões para R$ 8,69 milhões nas empresas de pequeno porte.

O texto também prevê a atualização anual dos valores pelo IPCA. A matéria já passou por comissões na Câmara e aguarda votação em Plenário, solicitada no início de outubro.

Já o PLP 127/2021, apresentado pelo então senador e atual governador de Santa Catarina, Jorginho Mello (PL-SC), autoriza os estados a dispensarem o sublimite de R$ 3,6 milhões para recolhimento de ICMS dentro do Simples, permitindo que empresas com receita de até R$ 4,8 milhões continuem no regime unificado. O projeto está na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado.

Pressão de frentes parlamentares

Em 7 de outubro, Dia do Empreendedor, cinco frentes parlamentares lançaram um manifesto pedindo urgência na votação do PLP 108/2021. O documento aponta que a inflação reduziu em mais de 40% o poder real dos tetos desde 2018 e estima a criação de até 870 mil empregos, com retorno de R$ 18 bilhões a R$ 22 bilhões em tributos em até três anos e meio.

A deputada Any Ortiz (Cidadania-RS), coordenadora da Frente Parlamentar da Mulher Empreendedora, afirma que a proposta “apenas corrige valores defasados”.

Governo manifesta cautela

Durante audiência na Comissão de Indústria, Comércio e Serviços da Câmara em 14 de outubro, o ministro substituto do Empreendedorismo, Tadeu Alencar, defendeu o aperfeiçoamento do Simples, lembrando que:

  • 94% das empresas brasileiras estão no regime;
  • o segmento responde por cerca de 30% do PIB;
  • mais de 80% dos empregos formais são gerados por pequenos negócios.

Apesar do apoio público, integrantes da equipe econômica demonstram preocupação com o impacto fiscal. A Receita Federal estima que o Simples resulte em renúncia de R$ 121 bilhões em 2025 — 22% dos benefícios tributários federais — e calcula perda adicional de R$ 9,2 bilhões em caso de ampliação.

Debate sobre responsabilidade fiscal

A Instituição Fiscal Independente (IFI), vinculada ao Senado, alerta que o governo terá dificuldade para cumprir as regras fiscais atuais. Segundo o diretor Alexandre Andrade, novas renúncias exigiriam fontes de compensação, conforme a Lei de Responsabilidade Fiscal, algo ainda não previsto nos PLPs.

Base constitucional

Idealizador do Simples e hoje secretário de Planejamento Estratégico de São Paulo, Guilherme Afif Domingos recorda que o artigo 179 da Constituição determina tratamento diferenciado a micro e pequenas empresas, justificando a manutenção de regimes favorecidos.

O Congresso ainda não definiu data para votar as duas propostas, que seguem em tramitação nas Casas Legislativas.

Com informações de Gazeta do Povo