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Câmara aprova projeto que altera regras do INSS e impõe biometria no crédito consignado

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A Câmara dos Deputados aprovou na madrugada desta quinta-feira (4) um projeto de lei que modifica as normas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) para operações de crédito consignado e descontos em benefícios. O texto segue agora para análise do Senado.

Fim dos descontos automáticos

O projeto proíbe o INSS de efetuar descontos automáticos em folha destinados a sindicatos, associações ou entidades de classe, ainda que haja autorização expressa de aposentados ou pensionistas. A única exceção são as operações de antecipação de benefícios oferecidas por bancos, como no programa Meu INSS Vale+.

Juros sob nova autoridade

Relator da proposta, o deputado Danilo Forte (União-CE) incluiu dispositivo que transfere do Conselho Nacional da Previdência Social para o Conselho Monetário Nacional a definição do teto de juros do consignado. Segundo o parecer, o CMN deverá equilibrar a proteção aos segurados e a sustentabilidade do mercado de crédito.

Ressarcimento de descontos irregulares

O INSS será responsável por identificar beneficiários prejudicados por cobranças indevidas, utilizando auditorias, denúncias, decisões judiciais e reclamações relevantes. Idosos, pessoas em situação de vulnerabilidade e moradores de áreas remotas terão prioridade na apuração.

As instituições financeiras terão 30 dias para devolver valores cobrados de forma ilegal. Caso não cumpram o prazo, o INSS efetuará a restituição ao segurado e recorrerá à Justiça para reaver os recursos. A Seguridade Social não poderá ser usada para esses pagamentos; se necessário, os valores sairão do Orçamento da União ou do Fundo Garantidor de Créditos.

Biometria obrigatória

Cada nova contratação de crédito consignado exigirá validação biométrica — por reconhecimento facial, digital ou assinatura eletrônica qualificada — emitida exclusivamente por empresas credenciadas no padrão ICP-Brasil. Após a confirmação, o sistema bloqueará automaticamente a concessão de novos empréstimos; o desbloqueio só poderá ocorrer presencialmente em agência, sem uso de procurações ou atendimentos telefônicos.

As agências do INSS deverão instalar terminais biométricos para atendimento imediato, dispensando agendamento prévio.

Proteção ao idoso e bloqueio de bens

O Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa Idosa passa a utilizar recursos do Fundo Nacional do Idoso em programas de inclusão digital, educação financeira e combate a golpes. Além disso, o projeto atualiza o Decreto-Lei 3.240/41, permitindo que juízes bloqueiem bens já na fase de investigação policial, sem necessidade de pedido do Ministério Público. O confisco alcançará empresas de fachada e patrimônios transferidos gratuitamente ligados a fraudes contra o INSS.

Debate em plenário

Durante a votação, Danilo Forte afirmou que o INSS contribuiu para descontos irregulares ao compartilhar dados de beneficiários com a Dataprev sem verificação adequada. Parlamentares da base governista, como Renildo Calheiros (PCdoB-PE), Chico Alencar (Psol-RJ) e Fernanda Melchionna (Psol-RS), criticaram a ausência de sanções mais duras aos bancos. Já Rogério Correia (PT-MG) defendeu que futuras perdas fiquem a cargo das instituições financeiras, e não do INSS.

O projeto segue para deliberação do Senado.

Com informações de Gazeta do Povo