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Moraes reforça prisão preventiva de Bolsonaro com alegação de violação de tornozeleira

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Brasília, 22 nov. 2025 – A decisão que colocou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em prisão preventiva na madrugada deste sábado (22) ganhou um novo elemento de peso: o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), incluiu na ordem judicial a suspeita de que o equipamento de monitoramento eletrônico usado por Bolsonaro foi violado.

Três fundamentos para a detenção

O magistrado justificou a medida com base em três pontos:

• risco de fuga, em razão de uma vigília religiosa organizada pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) diante da residência do pai;

• possibilidade de obstrução da ação policial, caso a multidão impedisse o cumprimento da ordem;

• suposta tentativa de rompimento da tornozeleira eletrônica, classificada pelo ministro como “violação gravíssima”.

Os dois primeiros argumentos já constavam do pedido de prisão apresentado pela Polícia Federal (PF) e referendado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) na sexta-feira (21). A inclusão do terceiro motivo ocorreu nas primeiras horas de sábado, depois de a PF registrar uma falha no equipamento às 0h08 e trocar o dispositivo minutos mais tarde.

Falha técnica virou indício de fuga

Na nova redação do mandado, Moraes escreveu que a irregularidade “comprova a intenção do condenado de romper a tornozeleira eletrônica para garantir êxito em sua fuga, facilitada pela confusão causada pela manifestação convocada por seu filho”. O ministro alegou “gravíssimos indícios” de tentativa de evasão.

Aliados do ex-presidente contestam a narrativa. Segundo eles, a vigília começaria apenas às 19h de sábado – quase 20 horas após a falha apontada. O advogado Fábio Wajngarten questionou em rede social como um dispositivo supostamente rompido poderia “estar funcionando normalmente nove horas depois”. O também advogado Enio Viterbo argumentou que não faria sentido romper a tornozeleira dentro de casa, sob vigilância policial, e permanecer ali até o início do ato público.

Base jurídica em debate

Para o defensor público e professor de direito processual da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) José Roberto Porto Mello, a simples aglomeração de pessoas seria frágil para justificar a prisão. Ele reconhece, porém, que o rompimento da tornozeleira é considerado um fato de maior gravidade. “Ainda assim, a decisão dedica apenas um parágrafo ao tema e não apresenta explicação para o suposto rompimento”, avaliou.

Na imprensa internacional, a inclusão do argumento fortaleceu a impressão de que Bolsonaro teria tentado sabotar o equipamento de monitoramento, o que ajudou a diminuir resistências à ordem de prisão, segundo analistas ouvidos pela reportagem.

Até o início da tarde deste sábado, a defesa do ex-presidente não havia apresentado pedido de revogação da prisão, mas reiterou que o dispositivo está em perfeito funcionamento.

Com informações de Gazeta do Povo