Caracas – O presidente venezuelano Nicolás Maduro afirmou nesta segunda-feira (1º) que a Milícia Nacional Bolivariana conta agora com 8,2 milhões de venezuelanos alistados, o dobro dos 4,2 milhões anunciados por ele mesmo há duas semanas.
O dado foi divulgado durante a apresentação das unidades comunais milicianas de combate, distribuídas em 5.334 circuitos comunais — agrupamentos de conselhos de bairro vinculados ao governo. Segundo Maduro, essas unidades serão organizadas em 15.751 bases populares de defesa integral, estruturas locais ligadas às Forças Armadas, onde seriam incorporados os novos milicianos.
“Essas bases servirão para reorganizar os 8,2 milhões de venezuelanos e venezuelanas que estão alistados na Milícia, o que nos dará capacidade de mobilização para garantir a paz”, declarou o líder chavista. Ele anunciou que o processo de alistamento será permanente e delegou à vice-presidente Delcy Rodríguez a responsabilidade de detalhar o funcionamento do recrutamento.
Denúncias de recrutamento forçado
O anúncio ocorre em meio a acusações de alistamento compulsório. A ONG Laboratorio de Paz informou ter recebido queixas de funcionários públicos, adolescentes e idosos coagidos a ingressar na milícia pela campanha Yo me alisto.
De acordo com a entidade, a prática viola o artigo 134 da Constituição de 1999, que proíbe recrutamento forçado, e o artigo 61, que assegura liberdade de consciência. A ONG cita ainda o artigo 18 do Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos, que reconhece o direito à objeção de consciência.
O Laboratorio de Paz relata que trabalhadores estariam sendo ameaçados com sanções trabalhistas e perda de benefícios sociais caso não se alistem. Servidores públicos também estariam sendo pressionados a gravar vídeos de propaganda em exaltação ao governo.

Imagem: Miguel Gutiérrez
Oposicionistas afirmam que a convocação voluntária realizada nos dias 23 e 24 de agosto teve baixa adesão, com postos de inscrição praticamente vazios. Denúncias publicadas pelo portal argentino Infobae indicam que, após o fracasso inicial, regiões carentes como o estado de Bolívar passaram a registrar operações de recrutamento forçado, com militares levando jovens de surpresa para integrar a milícia.
Maduro não comentou as acusações durante o anúncio desta segunda-feira.
Com informações de Gazeta do Povo