Havana – O Tribunal Supremo Popular de Cuba sentenciou, nesta segunda-feira (8), o ex-ministro da Economia e Planejamento Alejandro Gil Fernández à prisão perpétua por crimes que incluem espionagem e traição à pátria.
Gil comandou a pasta econômica entre 2018 e 2024 e acumulou o posto de vice-primeiro-ministro. Ele foi afastado do cargo em fevereiro do ano passado, dando início a um processo judicial que terminou agora com a condenação máxima prevista pelo código penal cubano.
Dois julgamentos a portas fechadas
O primeiro julgamento ocorreu em Havana entre 11 e 13 de novembro, a portas fechadas. Nessa etapa, o ex-ministro foi considerado culpado por:
- espionagem;
- corrupção;
- atos que causaram prejuízo à atividade econômica;
- subtração e dano a documentos oficiais;
- violação de selos;
- descumprimento das normas de proteção de informações classificadas.
Entre 26 e 29 de novembro, Gil enfrentou um segundo processo, no qual recebeu pena adicional de 20 anos de prisão por corrupção ligada à falsificação de documentos públicos, tráfico de influência e evasão fiscal continuada.
Conforme decisão divulgada pelo Supremo, ambas as sentenças podem ser recorridas no prazo de dez dias.
Acusações de traição e danos à economia
Na sentença, os magistrados afirmaram que o ex-ministro “enganou a direção do país e o povo que representava”, gerando prejuízos à economia nacional. O tribunal sustentou que Gil retirou documentos confidenciais, danificou-os e os entregou a “serviços do inimigo”, conduta classificada como traição à pátria – apontada pela Corte como o crime “mais grave”.
Figura-chave da reforma monetária
Até sua queda, Gil era um dos membros mais visíveis do gabinete de Miguel Díaz-Canel. Ele foi responsável pela Tarefa Ordenamento, reforma monetária lançada em 2021 para unificar a dupla moeda vigente na ilha. A medida, contudo, resultou em forte desvalorização do peso cubano e acelerou a dolarização parcial da economia.
O ex-ministro também liderou o ajuste fiscal que elevou em até 400% os preços dos combustíveis, esforço do governo para conter o déficit das contas públicas.
Com informações de Gazeta do Povo