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ONGs recorrerão ao STF após Congresso restaurar 52 artigos da Lei de Licenciamento Ambiental

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Diversas organizações não governamentais anunciaram que ingressarão com ação no Supremo Tribunal Federal (STF) depois de o Congresso Nacional derrubar, na noite desta quinta-feira (27), 52 dos 63 vetos impostos pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à Lei Geral do Licenciamento Ambiental.

Em nota conjunta, o Observatório do Clima classificou a decisão parlamentar como “o pior retrocesso ambiental da história” e criticou os presidentes do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), e da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), por terem participado dias antes de evento sobre clima em Belém, sede da COP 30.

Principais pontos restabelecidos

Com a derrubada dos vetos, voltam ao texto legal dispositivos que:

  • autorizam autolicenciamento ambiental amplo;
  • simplificam licenças para obras consideradas estratégicas;
  • dispensam licenciamento em imóveis rurais com Cadastro Ambiental Rural (CAR) ainda não homologado.

Reação das entidades

Clarissa Presotti, especialista em Políticas Públicas do WWF-Brasil, afirmou que a medida “ignora a ciência, amplia a insegurança jurídica e fragiliza a governança ambiental do país”. Segundo o WWF-Brasil, vários trechos restituídos contrariam decisões já firmadas pelo STF e reduzem competências federais previstas na Licença por Adesão e Compromisso.

Para Suely Araújo, coordenadora de Políticas Públicas do Observatório do Clima, a decisão representa “um ataque aos fundamentos da política ambiental brasileira” e abre espaço para nova judicialização. Já Lucas Louback, gestor de advocacy da organização Nossas, declarou que o Congresso “escolheu retrocesso, conflito e destruição”, chamando a votação de “golpe contra o clima”.

Contexto político

Na véspera da sessão, o governo federal apelou pela manutenção dos vetos presidenciais. A inclusão do tema na pauta é vista dentro do Planalto como reflexo do desgaste entre Executivo e Legislativo após Lula indicar o advogado-geral da União, Jorge Messias, ao STF — nome que não era o preferido de Alcolumbre, que defendia o senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG).

Durante a votação conjunta de deputados e senadores, Alcolumbre sustentou que a restauração dos artigos era “essencial para o desenvolvimento do país” e que o Congresso não poderia se furtar a suas responsabilidades constitucionais.

A derrubada dos vetos ainda precisa ser publicada no Diário Oficial da União para ter efeito, mas as ONGs já preparam ações para contestar a constitucionalidade dos dispositivos recuperados.

Com informações de Gazeta do Povo