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Planilha de propina revela “Italiano” e “Herói V” como destinos de R$ 640 milhões desviados do INSS, aponta PF

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Brasília, 13 de novembro de 2025 – A Polícia Federal apreendeu planilhas que detalham o fluxo de propinas pagas a servidores e políticos no esquema que desviou recursos de descontos em aposentadorias e pensões do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).

De acordo com as investigações da Operação Sem Desconto, a contabilidade paralela era mantida pela Confederação Nacional de Agricultores Familiares e Empreendedores Familiares Rurais (Conafer), apontada como responsável por fraudes que movimentaram R$ 708 milhões entre 2022 e 2025. Desse montante, R$ 640,9 milhões teriam sido repassados a empresas de fachada e contas de operadores financeiros.

Codinomes e valores

As planilhas e mensagens interceptadas mostram os apelidos usados para ocultar a identidade dos beneficiários:

  • “Italiano” – Alessandro Stefanutto, ex-presidente do INSS, preso nesta quinta-feira (13). Segundo a PF, passou a receber R$ 250 mil mensais após assumir o comando do instituto.
  • “Herói A” – André Fidelis, ex-diretor de Benefícios do INSS. Teria obtido R$ 3,4 milhões entre 2023 e 2024.
  • “Herói V” ou “Amigo V” – Virgílio Oliveira Filho, ex-procurador federal do INSS. Aponta-se repasse total de R$ 6,5 milhões entre 2022 e 2024.
  • “Herói E” – Deputado federal Euclydes Pettersen (Republicanos-MG). A PF calcula pagamentos de ao menos R$ 14,7 milhões.
  • “São Paulo Yasser” ou “São Paulo” – José Carlos de Oliveira, ex-ministro da Previdência Social. Planilha de fevereiro de 2023 registra R$ 100 mil.
  • “Pedro” ou “P” – Pedro Alves Corrêa Neto, ex-secretário no Ministério da Agricultura. Teria recebido mais de R$ 1 milhão.

Estrutura do esquema

Relatório enviado ao Supremo Tribunal Federal descreve três núcleos:

Comando – liderado por Carlos Roberto Ferreira Lopes, presidente da Conafer, responsável pela orientação das fraudes e articulação política.

Financeiro – chefiado por Cícero Santos, apontado como operador que criou empresas de fachada, emitiu notas frias e distribuiu os recursos ilícitos.

Político – integrado por Euclydes Pettersen e assessores, incumbidos de assegurar a manutenção do Acordo de Cooperação Técnica (ACT) com o INSS e blindar o grupo contra investigações.

Defesas

Advogados de Alessandro Stefanutto afirmaram que a prisão é “completamente ilegal” e que o ex-presidente do INSS colabora com a investigação. A defesa disse buscar acesso aos fundamentos da decisão para adotar as medidas cabíveis.

O deputado Euclydes Pettersen declarou, em nota, não ter qualquer vínculo com o INSS ou com decisões administrativas do instituto, reiterou que jamais participou da gestão da Conafer e disse confiar no trabalho da PF, do Ministério Público Federal e do STF.

Já a Conafer manifestou “grande preocupação” com a nova fase da operação, defendeu a presunção de inocência dos investigados e afirmou que a paralisação de suas atividades prejudica milhares de agricultores familiares, povos indígenas e comunidades tradicionais.

Com informações de Gazeta do Povo