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WSJ defende libertação de ex-assessor de Bolsonaro sob prisão domiciliar

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O jornal norte-americano The Wall Street Journal publicou, no domingo, 27 de julho de 2025, um editorial em que afirma que Filipe Martins, ex-assessor de Assuntos Internacionais do ex-presidente Jair Bolsonaro, “deveria estar em liberdade”. Martins cumpre prisão domiciliar em Ponta Grossa (PR) desde março de 2024, por decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.

Segundo o texto, divulgado poucos minutos depois de artigo da colunista Mary Anastasia O’Grady, a Corte brasileira baseou-se em “registros de viagem falsos” do Departamento de Alfândega e Proteção de Fronteiras dos Estados Unidos (CBP) para manter o ex-assessor detido, sob a justificativa de risco de fuga. O WSJ sustenta que os documentos, supostamente emitidos em Orlando, não correspondem à realidade e foram usados para relacionar Martins a uma “trama golpista” contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O Tribunal alega que o ex-assessor integra o círculo próximo de Bolsonaro que teria deixado o Brasil após a derrota eleitoral de 2022. Martins, contudo, afirma não ter viajado aos EUA em 30 de dezembro daquele ano e nega participação em qualquer plano de golpe.

Críticas a autoridades dos EUA

No editorial, o jornal cobra posicionamento da secretária de Segurança Interna, Kristi Noem, e do secretário de Estado, Marco Rubio, sobre a suposta inconsistência nos dados do CBP. Para o WSJ, o silêncio das autoridades norte-americanas dificulta a preparação da defesa do ex-assessor e coloca em risco a segurança nacional dos EUA, ao permitir a circulação de informações oficiais adulteradas.

Tarifa de 50% e pressão de Trump

O texto também menciona a tarifa de 50% anunciada pelos Estados Unidos contra produtos brasileiros em 9 de julho, prevista para entrar em vigor em 1º de agosto. O jornal atribui a iniciativa do ex-presidente Donald Trump à insatisfação com os processos conduzidos pelo STF contra Bolsonaro. Na avaliação do WSJ, a ameaça comercial não surtiu efeito sobre o governo Lula nem sobre o Supremo.

Pedido de investigação interna

Como alternativa, o editorial sugere que Trump abra uma investigação nos EUA para esclarecer como os registros supostamente falsos sobre Martins foram incluídos, retirados e recolocados no site do CBP. Segundo o jornal, o procedimento poderia comprovar a inocência do ex-assessor em relação à acusação de evasão ilegal do território brasileiro.

WSJ defende libertação de ex-assessor de Bolsonaro sob prisão domiciliar - Imagem do artigo original

Imagem: Arthur Max via gazetadopovo.com.br

Contexto da prisão

Martins passou seis meses detido antes de ser transferido para prisão domiciliar. Na decisão que autorizou a prisão, Moraes alegou que o ex-colaborador de Bolsonaro exercia “posição de proeminência” na articulação de documentos favoráveis a um grupo considerado radical pelo STF. Apesar de o nome de Martins constar em registros de entrada nos EUA, investigadores brasileiros não localizaram qualquer registro de saída.

O ex-assessor classifica-se como “preso político” e afirma ser vítima de censura durante o processo.

Com informações de Gazeta do Povo