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Trump move ação contra Wall Street Journal e família Murdoch após matéria sobre carta a Epstein

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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, entrou na Justiça contra o The Wall Street Journal (WSJ) e os proprietários do jornal, a família Murdoch, após publicação que atribui ao republicano uma carta de aniversário enviada em 2003 ao financista Jeffrey Epstein contendo o desenho de uma mulher nua.

O anúncio do processo foi feito este mês, pouco depois de o WSJ divulgar o documento. Em mensagem na rede Truth Social, Trump negou ter produzido o desenho e afirmou que pretende ver Rupert Murdoch, fundador do império midiático, prestando depoimento. “Vai ser uma experiência interessante!”, escreveu, chamando o periódico de “monte de lixo”.

Desgaste entre aliados históricos

Os conglomerados Fox Corporation e News Corp, controlados desde 2023 por Lachlan Murdoch, foram fundamentais para a ascensão política de Trump. Fox News e o tabloide The New York Post apoiaram o empresário desde a primeira campanha presidencial, em 2016, e mantiveram postura crítica aos democratas.

Apesar do apoio público, relatos de bastidores indicam distanciamento entre Trump e Rupert Murdoch. No livro A Queda: o Fim da Fox News e do Império Murdoch, lançado no Brasil pela editora Objetiva, o jornalista Michael Wolff descreve que o magnata australiano preferia outros nomes do Partido Republicano e chamava Trump de “tremendo idiota” em conversas privadas, mas manteve o apoio devido à audiência gerada.

Crises e reaproximações

A relação sofreu abalos em 2023, quando a Fox News aceitou pagar US$ 787,5 milhões à Dominion Voting Systems para encerrar um processo sobre alegações de fraude na eleição de 2020. No ano seguinte, após candidatos apoiados por Trump fracassarem nas eleições de meio de mandato, Fox News e New York Post passaram a promover o governador da Flórida, Ron DeSantis, como novo rosto do partido.

Num artigo publicado pelo Post, o colunista John Podhoretz escreveu que Trump “talvez seja o mais profundo repelente de votos da história americana moderna”. Conforme o livro de Wolff, Rupert Murdoch chegou a orientar a emissora a reduzir espaço para o ex-presidente e ampliar a exposição de DeSantis.

A estratégia mudou quando ficou claro que Trump dominaria as primárias republicanas de 2024. Em outubro, o New York Post declarou apoio ao empresário na disputa com a democrata Kamala Harris, exaltando a “força e vigor” do candidato e criticando “a instrumentalização do sistema de Justiça” contra ele.

Trump move ação contra Wall Street Journal e família Murdoch após matéria sobre carta a Epstein - Imagem do artigo original

Imagem: CHRIS KLEPONIS via gazetadopovo.com.br

Integração com a Fox e tensão com o WSJ

Depois de vencer a eleição, Trump retribuiu a lealdade da Fox, concedendo frequentes entrevistas ao canal e indicando 23 nomes ligados à emissora para o gabinete do segundo mandato, entre eles Pete Hegseth para a pasta da Defesa.

Em fevereiro passado, o presidente recebeu Rupert Murdoch na Casa Branca. Na ocasião, elogiou o empresário, mas admitiu discordâncias: “Só respeito, tenho muito respeito por Rupert Murdoch. Discordo dele muitas vezes com o Wall Street Journal, mas tudo bem”.

A discórdia ganhou novo capítulo com a reportagem sobre a carta a Epstein, que motivou o processo anunciado este mês. Analistas observam que, de “lendário” a “monte de lixo”, a relação entre Trump e os Murdoch passa por mais uma fase de incerteza.

Com informações de Gazeta do Povo