O governo dos Estados Unidos, comandado por Donald Trump, comunicou que aplicará tarifa de 50% sobre produtos brasileiros nos próximos dias, sem previsão de flexibilização. A medida ocorre no momento em que outras economias – como União Europeia, Japão, Reino Unido, Vietnã, Indonésia, Filipinas e China – conseguiram negociar reduções que baixaram alíquotas de até 145% para patamares entre 15% e 30%.
Até agora, o Brasil permanece sem canal de diálogo efetivo com a Casa Branca. Diplomatas ouvidos pela reportagem afirmam que os obstáculos vão além dos temas comerciais. Entre os pontos de atrito, citam-se a saída do Brasil da Aliança Internacional em Memória do Holocausto e o apoio brasileiro a uma ação internacional que acusa Israel de genocídio, ambos considerados sensíveis para Washington.
A tensão também é alimentada pela iniciativa brasileira de tributar grandes empresas de tecnologia norte-americanas, as chamadas Big Techs. Nos Estados Unidos, decisões recentes do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre moderação de conteúdo digital e processos contra o ex-presidente Jair Bolsonaro são interpretadas como fatores políticos que dificultam qualquer negociação tarifária.
Numa tentativa de contornar o impasse, uma comitiva formada por oito senadores e ministros brasileiros viajou a Washington para encontros no Congresso e no Departamento do Tesouro, mas ainda não obteve avanços. Fontes do governo norte-americano indicam que a decisão sobre revisar ou não a tarifa caberá exclusivamente ao presidente Donald Trump.
Analistas alertam que a combinação de retaliação econômica e desgaste diplomático pode comprometer as exportações brasileiras, reduzindo a competitividade dos produtos nacionais e aumentando o isolamento do país no cenário internacional.
Com informações de Gazeta do Povo