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Novas tarifas dos EUA ameaçam mais de 600 mil empregos no Brasil, aponta Fiemg

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Brasília – Entraram em vigor nesta quarta-feira (6) as tarifas adicionais de 40% impostas pelo governo dos Estados Unidos sobre produtos brasileiros. Somadas à alíquota geral de 10% já existente, a taxação total chega a 50% e atinge mercadorias que, em 2024, responderam por 54,9% das exportações do Brasil para o mercado norte-americano, o equivalente a US$ 22,2 bilhões.

Perdas estimadas pelo setor industrial

Estudo da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg) calcula que, no curto prazo (um a dois anos), o Produto Interno Bruto brasileiro poderá encolher R$ 25,8 bilhões, com eliminação de 146 mil postos de trabalho e queda de R$ 2,74 bilhões na renda das famílias. Em horizonte de cinco a dez anos, as perdas projetadas sobem para R$ 110 bilhões, 618 mil empregos extintos e redução de R$ 11,56 bilhões na massa salarial.

Setores mais afetados

Semimanufaturados de ferro ou aço (6,9% das vendas aos EUA), café (4,7%) e carne bovina (2,2%) estão entre os itens mais atingidos. No caso da carne, a tarifa total chega a 74%, tornando inviável a exportação e levando frigoríficos a planejar o redirecionamento da produção ao mercado interno, com reflexos imediatos em estados como Goiás e Mato Grosso.

Projeções da Fiemg apontam recuos na produção de siderurgia e tubos de aço (-8,11%), produtos de madeira (-7,12%), calçados e artefatos de couro (-3,07%) e pecuária (-1,74%). O economista-chefe da Blue3 Investimentos, Roberto Simioni, acrescenta que piscicultura, minério de ferro, açúcar, autopeças, máquinas e equipamentos, celulose, papel, têxteis e calçados também tendem a perder competitividade.

Exceções e lógica de Washington

Uma lista de 694 produtos ficou de fora da sobretaxa, o que corresponde a 45% do valor embarcado pelo Brasil aos EUA em 2024. Foram preservados derivados de petróleo, pasta química de madeira, ferro fundido bruto, componentes aeronáuticos e suco de laranja. Para o professor Hugo Garbe, da Universidade Presbiteriana Mackenzie, a exclusão segue um critério pragmático: evitar rupturas nas cadeias produtivas norte-americanas.

Entre as empresas beneficiadas estão Petrobras, que mantém acesso para derivados de petróleo, e Embraer, contemplada com isenção para peças específicas de aviação.

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Imagem: Daniel Torok via gazetadopovo.com.br

Reação do governo e do setor privado

O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, conduz negociações em Washington para ampliar a lista de exceções, com foco especial em café e carne bovina. Paralelamente, a ministra do Planejamento, Simone Tebet, prepara um plano de contingência que inclui linhas de crédito subsidiadas e medidas de proteção ao emprego.

Para as empresas, o Sindicato da Micro e Pequena Indústria (Simpi) recomenda três caminhos imediatos: dividir o custo tarifário com parceiros, absorver temporariamente o prejuízo ou buscar novos mercados na América Latina, Ásia e África. “É um cenário de guerra tarifária, e os pequenos negócios são os primeiros a sentir”, afirma Joseph Couri, presidente da entidade.

Flávio Roscoe, presidente da Fiemg, defende intensificar a ação diplomática: “As tarifas foram impostas unilateralmente; é fundamental ampliar o número de produtos isentos para proteger empregos e investimentos”.

Com informações de Gazeta do Povo