O governo dos Estados Unidos, presidido por Donald Trump, estabeleceu em 1º de agosto de 2025 uma tarifa de 50% sobre um amplo conjunto de produtos brasileiros. A alíquota é mais elevada que as impostas à Venezuela de Nicolás Maduro (15%) e à Nicarágua de Daniel Ortega (18%).
Argumento oficial cita perseguição a Bolsonaro
No decreto divulgado pela Casa Branca, Trump atribui a medida a supostos atos de “perseguição, intimidação, assédio, censura e processos” contra o ex-presidente Jair Bolsonaro — mencionado cinco vezes no documento — e “milhares” de seus apoiadores. O texto alega violação de direitos de indivíduos e empresas norte-americanas e enquadra o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes na Lei Magnitsky, dispositivo que permite sanções a autoridades estrangeiras acusadas de abusos.
Dependência comercial desfavorável ao Brasil
Cerca de 12% das exportações brasileiras têm os EUA como destino, enquanto 15% das importações nacionais vêm daquele país. Já a participação do Brasil nas trocas comerciais norte-americanas é de apenas 1% a 2%. Empresas dos Estados Unidos também respondem por parcela significativa dos investimentos no país e controlam grande parte da infraestrutura digital usada pelos brasileiros.
Impacto potencial
Estima-se que o novo tarifaço possa alcançar até 60% das exportações do Brasil para o mercado norte-americano. Apesar disso, negociações conduzidas por empresários brasileiros já garantiram uma “lista de exceções” que reduz parcialmente os efeitos imediatos da sobretaxa.
Limitações para retaliação
Sem peso equivalente ao da China ou da União Europeia, que dispõem de maior capacidade de retaliação, o governo brasileiro avalia que a reação deverá se concentrar em diplomacia, pressão empresarial e tentativa de manter o diálogo aberto com Washington.

Imagem: Joédson Alves via gazetadopovo.com.br
Possíveis novas sanções
A Casa Branca indica que ainda dispõe de outros instrumentos de pressão e que poderá adotar sanções adicionais. Segundo o colunista Fernando Jasper, Trump faz referência à própria fama de imprevisível, sugerindo que o impasse com o Brasil pode se estender.
Até o momento, o Palácio do Planalto não detalhou contramedidas econômicas. Integrantes do governo defendem evitar escalada verbal e insistem na busca por “canais diplomáticos” para reverter ou atenuar a tarifa de 50%.
Com informações de Gazeta do Povo