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Tarifa de 50% nos EUA coloca em risco exportações brasileiras de suco de laranja

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Brasília – A indústria brasileira de suco de laranja calcula que até 70% da receita obtida com vendas aos Estados Unidos pode ser consumida por impostos caso entre em vigor, em 1º de agosto, a tarifa adicional de 50% anunciada pelo presidente norte-americano Donald Trump. O setor vê risco de colapso na cadeia que mantém o país como maior fornecedor mundial do produto.

Impacto bilionário

Atualmente, o suco brasileiro paga US$ 415 por tonelada em taxas na entrada do mercado norte-americano, o equivalente a 15%-20% do preço final. Com a nova alíquota, sobrariam apenas 30% da receita para cobrir custos operacionais, segundo a Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos (CitrusBR).

Na safra 2024/2025, o Brasil embarcou 305.805 toneladas para os EUA, 3% menos que na temporada anterior. Mesmo assim, a receita saltou 63,8%, de US$ 798 milhões para US$ 1,31 bilhão. No total, as exportações brasileiras renderam US$ 3,31 bilhões – recorde histórico – embora o volume tenha sido o menor da série, 745.593 toneladas.

Setor pressiona por negociação

Representantes de produtores, cooperativas e indústrias participaram de reunião do recém-criado Comitê para Adoção de Medidas de Proteção da Economia Brasileira. O grupo, coordenado pelo governo federal, discute alternativas para adiar ou reduzir a cobrança.

O vice-presidente Geraldo Alckmin recebeu pedido formal de ampliação do prazo para a tarifa começar a valer. “Uma taxa de 50%, somada aos US$ 415 já pagos, inviabiliza completamente os embarques. Precisamos de diálogo e pragmatismo”, afirmou o diretor-executivo da CitrusBR, Ibiapaba Netto.

Para o presidente da Câmara Setorial de Citricultura de São Paulo, Antônio Carlos Simonetti, estoques historicamente baixos de suco permitem ao Brasil negociar com mais calma. “Ainda há tempo. É preciso cautela e paciência”, disse.

Mercado sem substituto

Os Estados Unidos absorveram 41,7% do volume exportado pelo Brasil entre julho de 2024 e junho de 2025; a União Europeia ficou com 51,4%. A CitrusBR descarta redirecionar a produção para outros destinos por falta de estrutura de envase e demanda equivalente. “Não existem mercados capazes de substituir os EUA”, ressaltou Netto.

Dependência norte-americana cresceu

Entre 2002 e 2025, as vendas brasileiras de suco de laranja aos EUA aumentaram 1.239%, de R$ 97,7 milhões para R$ 1,3 bilhão, impulsionadas pela queda da produção na Flórida. A doença greening reduziu a colheita do estado de 10 milhões de toneladas na década de 1980 para 500 mil toneladas anuais. Hoje, metade do suco consumido pelos norte-americanos usa frutas brasileiras, segundo a CitrusBR.

Produção concentrada em São Paulo

O estado de São Paulo responde por 78% da produção nacional de laranja e mais de 80% do suco destinado à exportação. Produtores paulistas pedem que os governos estadual e federal atuem para evitar a perda do segundo maior mercado do país.

Com menos de duas semanas para o início da cobrança, o setor intensifica a pressão por uma solução diplomática que preserve o fluxo comercial de um produto responsável por bilhões de dólares em divisas e milhares de empregos no interior paulista.

Com informações de Gazeta do Povo

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