Brasília, 29 jul. 2025 – O Supremo Tribunal Federal (STF) identifica o norte-americano Steve Bannon, 71 anos, como um dos principais responsáveis por estimular autoridades dos Estados Unidos a adotar sanções contra ministros da corte, entre eles Alexandre de Moraes. A avaliação ganhou força após declarações de Bannon e de veículos de imprensa que apontam o ex-estrategista de Donald Trump como articulador de pressões diplomáticas contra o Brasil.
Pressão sobre Washington
Dias antes de o secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, revogar o visto de Moraes e de “aliados” não listados, Bannon afirmou publicamente que Trump estava “irritado” com o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e que medidas punitivas contra autoridades brasileiras seriam anunciadas em breve.
Em entrevista concedida neste mês ao deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e ao comentarista Paulo Figueiredo, o estrategista classificou Moraes como “uma das piores figuras do cenário mundial” e o comparou a um vilão de histórias em quadrinhos.
Ligação com a família Bolsonaro
O vínculo entre Bannon e os Bolsonaro remonta a 2018, quando Eduardo participou da festa de aniversário do norte-americano em Washington. No mesmo ano, o deputado tornou-se representante latino-americano do Movimento, iniciativa criada por Bannon para fomentar campanhas conservadoras no mundo.
Desde então, o ex-assessor da Casa Branca tem sido descrito como ponte para que o parlamentar mantenha interlocução com congressistas dos Estados Unidos. Em janeiro deste ano, Bannon defendeu sanções contra o governo brasileiro após o veto à presença de Jair Bolsonaro na posse de Trump, e chegou a sugerir que Eduardo poderia disputar a Presidência no futuro.
Trajetória de Bannon
Formado na Marinha e com passagem pelo banco Goldman Sachs, Bannon também atuou como produtor em Hollywood antes de se aproximar do ativista conservador Andrew Breitbart. Com a morte do fundador do site Breitbart News, em 2012, assumiu o comando do portal.
Em agosto de 2016, foi convidado a chefiar a campanha presidencial de Donald Trump. Após a vitória republicana, tornou-se estrategista-chefe da Casa Branca, cargo do qual saiu poucos meses depois, em meio a disputas internas. À época, Trump chegou a chamá-lo de “Sloppy Steve” (“Steve descuidado”).

Imagem: Isabella de Paula via gazetadopovo.com.br
Fora do governo, manteve influência no movimento Make America Great Again (MAGA) e estreitou contatos com líderes europeus de direita, como Viktor Orbán, Marine Le Pen e Matteo Salvini.
Processos na Justiça dos EUA
Bannon responde na Justiça de Nova York por lavagem de dinheiro, fraude e conspiração ligadas à campanha We Build the Wall, que arrecadou fundos para erguer um muro na fronteira com o México. Em 2022, foi condenado a quatro meses de prisão por se recusar a depor na investigação parlamentar sobre a invasão ao Capitólio, em 6 de janeiro de 2021.
Libertado uma semana antes da eleição presidencial de outubro passado, o ex-assessor manteve o apoio a Trump a partir do presídio, enviando mensagens por meio de aliados e mantendo o podcast War Room no ar com apresentadores convidados.
Ainda que a relação pessoal com Trump oscile, Bannon continua a atuar como voz influente do conservadorismo internacional e, segundo o STF, desempenha papel central na tentativa de isolar autoridades brasileiras em Washington.
Com informações de Gazeta do Povo