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Sete atitudes do governo Lula que complicam negociação sobre tarifas de Trump

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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, confirmou no domingo, 27 de julho de 2025, que a tarifa de 50% sobre importações brasileiras começará a valer na próxima sexta-feira, 1.º de agosto. Enquanto União Europeia, Reino Unido, Japão, Indonésia, Vietnã e Filipinas já fecharam acordos para reduzir a taxação de seus produtos, o Brasil segue sem sequer abrir uma mesa de negociação. Autoridades em Washington afirmam que não receberam propostas concretas do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

A seguir, os sete movimentos do Planalto que, segundo diplomatas e analistas, tornam o Brasil o país que mais enfrenta dificuldades para lidar com o novo tarifaço americano:

1. Retaliação anunciada antes de qualquer diálogo

Em entrevista à TV Record no dia 10 de julho, Lula declarou que aplicaria a mesma alíquota sobre mercadorias dos EUA: “Se ele cobrar 50% de nós, vamos cobrar 50% deles”. Na ocasião, o presidente também criticou Trump pelo episódio da invasão ao Capitólio em 6 de janeiro de 2021.

2. Risco de impacto econômico ampliado

Empresários de setores afetados pedem negociação, temendo perda de até US$ 23 bilhões em exportações até 2026. Consultorias como Tendências e BTG Pactual alertam que uma retaliação em “mão dupla” pode elevar a tarifa para 100%, pressionar a inflação e adiar o início do ciclo de queda dos juros previsto pelo mercado.

3. Recurso à OMC pouco efetivo

O governo pretende contestar as tarifas na Organização Mundial do Comércio, mas especialistas lembram que os EUA vêm bloqueando a nomeação de juízes no órgão desde o governo Barack Obama, o que limita o funcionamento do sistema de solução de controvérsias.

4. Tarifaço usado para justificar nova cobrança sobre big techs

Em pronunciamento em 17 de julho, Lula defendeu a taxação de grandes plataformas digitais norte-americanas. Para o jurista Alexander Coelho, a iniciativa carrega viés arrecadatório e ignora entraves estruturais do ambiente de negócios brasileiro. O Ministério da Fazenda negou publicamente que haja proposta concreta sobre o tema.

5. Comunicação via redes sociais em vez de missão oficial

Vídeos gravados por autoridades em plataformas digitais substituíram viagens de alto nível aos Estados Unidos. O governador do Paraná, Ratinho Júnior (PSD), criticou a estratégia e perguntou por que, em vez de postar na internet, o presidente não lidera pessoalmente as tratativas em Washington.

Sete atitudes do governo Lula que complicam negociação sobre tarifas de Trump - Imagem do artigo original

Imagem: André Borges via gazetadopovo.com.br

6. Plano interno de compensação pode gerar gasto permanente

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, elaborou medidas como linhas de crédito subsidiadas e fundos de apoio às exportações. Embora sejam classificadas como despesas extraordinárias, economistas alertam para o risco de aumento da dívida pública e queda de produtividade caso os programas se perpetuem.

7. Sinais contraditórios sobre minerais críticos

Em 24 de julho, o encarregado de negócios dos EUA no Brasil, Gabriel Escobar, manifestou interesse em minerais estratégicos como lítio, nióbio e terras raras. No mesmo dia, Lula declarou em Minas Gerais que “aqui ninguém põe a mão”. Horas depois, o vice-presidente Geraldo Alckmin disse a jornalistas que o tema pode entrar na pauta de negociação para conter as tarifas.

Enquanto isso, os esforços de Brasília para contato direto continuam sem resposta. O ministro Haddad tentou falar com o secretário do Tesouro americano, Scott Bessent, mas ouviu que o processo está sob análise da Casa Branca. Alckmin, que coordena grupo de trabalho sobre o assunto, afirma telefonar diariamente para autoridades dos EUA, ainda sem sucesso.

Com informações de Gazeta do Povo