WASHINGTON (25.jul.2025) – Um grupo de 11 senadores do Partido Democrata encaminhou nesta sexta-feira (25) uma carta ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pedindo a suspensão do plano de impor tarifa de 50% sobre todas as importações brasileiras a partir de agosto.
No documento, os parlamentares classificam a medida como “claro abuso de poder” e acusam o governo de utilizar “todo o peso da economia americana” para favorecer o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), atualmente réu na Justiça brasileira por suposta tentativa de interferir no resultado das eleições de 2022 e por planejamento de golpe de Estado.
Assinaturas e críticas
Entre os signatários está o senador Tim Kaine, candidato a vice na chapa de Hillary Clinton em 2016. Também assinam Jeanne Shaheen, Adam B. Schiff, Richard J. Durbin, Peter Welch, Kirsten Gillibrand, Mark R. Warner, Catherine Cortez Masto, Michael F. Bennet, Jacky Rosen e Raphael Warnock.
Os senadores argumentam que a iniciativa tarifária não se baseia em questões comerciais, já que os Estados Unidos registraram superávit de US$ 7,4 bilhões no comércio de bens com o Brasil em 2024 e não apresentam déficit desde 2007. Para eles, a ameaça de tarifas e a ordem para o Representante de Comércio iniciar investigação sob a Seção 301 da Lei de Comércio de 1974 têm como objetivo pressionar o Judiciário brasileiro a interromper o processo contra Bolsonaro.
Risco de retaliação
O grupo lembra que os Estados Unidos importam anualmente mais de US$ 40 bilhões do Brasil — incluindo cerca de US$ 2 bilhões em café — e que o comércio bilateral sustenta aproximadamente 130 mil empregos americanos. Segundo os senadores, uma guerra comercial elevaria custos para famílias e empresas nos EUA e abriria espaço para retaliações brasileiras.
Os parlamentares também alertam que o conflito tarifário pode aproximar o Brasil da China em um momento em que Washington tenta conter a influência de Pequim na América Latina.

Imagem: Bruno Sznajderman via gazetadopovo.com.br
Sanções de visto
A carta critica ainda a decisão do Departamento de Estado, anunciada em 18 de julho pelo secretário Marco Rubio, de revogar vistos do ministro Alexandre de Moraes e de aliados no Supremo Tribunal Federal. Para os senadores, a medida reforça a percepção de que o governo Trump prioriza interesses pessoais em detrimento dos interesses americanos.
No encerramento, os 11 senadores pedem que o presidente reconsidere as ações e “priorize os interesses econômicos dos americanos, que desejam previsibilidade, não outra guerra comercial”.
Com informações de Gazeta do Povo