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Retaliação a tarifas dos EUA pode cortar 5 milhões de empregos e reduzir PIB em até 6%, aponta Fiemg

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Brasília – A Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) calcula que uma escalada na disputa comercial entre Brasil e Estados Unidos pode cortar quase 5 milhões de empregos e encolher o Produto Interno Bruto (PIB) em 5,68% — algo em torno de R$ 667 bilhões — no intervalo de cinco a dez anos.

Tarifa de Trump entra em vigor em 1.º de agosto

A crise começou com o anúncio do governo norte-americano de uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, medida programada para valer a partir de 1.º de agosto. Washington justifica o aumento como “recíproco” e “corretivo” a barreiras atribuídas ao Brasil.

No Palácio do Planalto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) estuda opções de reação, mas tenta conduzir negociações diplomáticas para evitar o início da sobretaxa.

Cenários mensurados pela Fiemg

Em sua projeção, a Fiemg avaliou três níveis de confronto:

1. Retaliação brasileira de 50%
– Queda de 2,21% no PIB (R$ 259 bilhões).
– Perda de 1,9 milhão de postos de trabalho.
– Redução de R$ 36,2 bilhões na massa de rendimentos.
– Recolhimento de tributos menor em R$ 7,2 bilhões.

2. EUA elevam tarifa a 100% e Brasil mantém 50%
– Encolhimento de 2,49% no PIB.
– Corte de 2,2 milhões de vagas.
– Desfalque de R$ 40,8 bilhões na renda.

3. “Dupla retaliação” com 100% de ambos os lados
– Recuo de 5,68% no PIB (R$ 667 bilhões).
– Eliminação de quase 5 milhões de empregos.
– Queda de R$ 93 bilhões na renda das famílias.
– Perda de R$ 18,5 bilhões em arrecadação.

Setores mais atingidos

A federação mineira destaca que a fabricação de equipamentos de transporte poderia encolher 21,6%. Siderurgia e ferro-gusa teriam retração de 11,7%, enquanto produtos de madeira recuariam 8,1%. Serviços voltados ao mercado interno, como educação privada e saúde, também sofreriam perdas próximas a 3%.

Efeito imediato do “tarifaço”

A Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) estima que a tarifa inicial de 50% dos EUA, sem resposta brasileira, já reduziria o PIB em 0,16 ponto percentual, o equivalente a R$ 19,2 bilhões, e eliminaria 110 mil empregos. Os estados mais prejudicados seriam São Paulo, Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina e Minas Gerais.

Empresas e agronegócio sob pressão

Estudos da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e da XP Investimentos apontam impacto pesado sobre companhias como Embraer, WEG, Randoncorp e Frasle. O agronegócio, responsável por cerca de 25% do PIB, sentiria a redução nas exportações de proteína animal, açúcar, etanol, café e, sobretudo, suco de laranja, produto altamente dependente do mercado norte-americano.

“Responder na mesma moeda pode gerar efeitos inflacionários devastadores”, alerta Flávio Roscoe, presidente da Fiemg, defendendo a via diplomática como saída mais viável para ambas as economias.

Com informações de Gazeta do Povo