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PT reforça campanha “Defenda o Brasil” contra EUA e Bolsonaro, mas gafe de neta de Lula vira alvo nas redes

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Brasília – Depois de não conseguir recuperar popularidade exibindo programas sociais e dados econômicos, o governo Luiz Inácio Lula da Silva e o PT intensificaram neste mês a campanha digital “Defenda o Brasil”, que atribui ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e a aliados a responsabilidade por uma eventual tarifa de 50% sobre produtos brasileiros nos Estados Unidos, proposta pelo presidente norte-americano Donald Trump.

A estratégia, segundo analistas, procura elevar a rejeição a Bolsonaro até a eleição de 2026 ao vinculá-lo a Trump e a possíveis prejuízos para a economia nacional. Uma das peças, no entanto, gerou efeito contrário: um vídeo de Bia Lula, neta de 29 anos do presidente, foi alvo de críticas depois de ela afirmar que “há 500 anos” os EUA exploram o Brasil – o país norte-americano tornou-se independente em 1776, há 249 anos.

Peças publicitárias

Entre os materiais divulgados está um vídeo que retrata o Brasil como um navio atingido por tempestades. Com uso de inteligência artificial, um rosto semelhante ao de Bolsonaro aparece tentando “furar o casco” para afundar a embarcação. Outra peça apresenta os EUA como o “lobo mau” que procura destruir a casa dos “três porquinhos”, construída com o Pix, numa crítica à investigação norte-americana sobre o sistema de pagamentos do Banco Central.

Há ainda produções que mostram “patriotas” prestando continência à bandeira dos EUA e elogiando Trump. O cientista político Elton Gomes, da Universidade Federal do Piauí, avalia que o discurso nacionalista não costuma ser associado à esquerda e pode perder força com o tempo, mas reconhece que a tática enfraquece adversários ao aproximá-los de Trump.

Reações e números

Em discurso na quinta-feira (24), em Minas Novas (MG), Lula classificou a ameaça tarifária de Trump como “blefe”, comparando a situação a uma partida de truco. “Se ele estiver trucando, vai tomar um seis”, disse.

Levantamento do Ipespe realizado de 19 a 22 de julho mostra desaprovação de 51% ao governo – três pontos a menos que em maio. A aprovação subiu de 40% para 43%. A pesquisa ouviu 2.500 pessoas, com margem de erro de dois pontos percentuais e confiança de 95,45%.

Gafe da neta

Inspirada no formato usado pelo deputado Nikolas Ferreira (PL-MG), Bia Lula gravou vídeo na terça-feira (22) atribuindo a Trump tentativa de acabar com a gratuidade do Pix e defendendo o avô como “protetor” do sistema. A referência aos “500 anos” de exploração gerou memes e comparações com as falas de Lula.

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Imagem: Vinícius Sales via gazetadopovo.com.br

Para o cientista político Adriano Cerqueira, do Ibmec BH, o episódio mostra dificuldade do PT em replicar a comunicação de influenciadores de direita. “Não basta copiar estética; é preciso discurso que engaje”, disse.

Antecedentes da estratégia

Desde 2023, o Planalto investiu em campanhas como “Fé no Brasil” e “Mais Dinheiro no Bolso” para dialogar com jovens sobre economia, sem sucesso perceptível. Com desemprego em 6,2%, o governo passou a adotar tom mais polarizado, especialmente após o debate sobre o aumento do IOF em junho de 2025, o que resultou em maior engajamento digital.

Analistas afirmam que, ao transferir para Bolsonaro a culpa por possíveis sanções comerciais dos EUA, o PT tenta manter mobilizada sua base e reduzir a adesão de eleitores moderados ao ex-presidente. No entanto, peças como a de Bia Lula expõem riscos da estratégia.

Com informações de Gazeta do Povo