Brasília – A Polícia Federal cumpriu nesta quarta-feira, 3 de dezembro de 2025, mandados de busca e apreensão na 13ª Vara Federal de Curitiba, foro que concentrou os processos da Operação Lava Jato. A ordem partiu do ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), e envolve a coleta de dispositivos eletrônicos e documentos físicos armazenados em um gabinete que, segundo a Corte, já haviam sido solicitados e não entregues.
Fontes próximas à investigação informaram que a medida está ligada a uma denúncia apresentada pelo ex-deputado Tony Garcia contra o ex-juiz e atual senador Sergio Moro (União-PR). Toffoli autorizou a abertura de inquérito para apurar os relatos.
Garcia afirma que, em 2004, foi obrigado por Moro a realizar gravações clandestinas de autoridades detentoras de foro privilegiado no âmbito do acordo de delação premiada do escândalo do Banestado. Entre os citados estariam o então governador do Paraná, Beto Richa, e ministros do Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Em nota, Moro declarou que as acusações são “mentirosas” e que não há irregularidade no processo que resultou na condenação de Tony Garcia há quase duas décadas. A defesa do senador afirma não ter tido acesso aos autos do inquérito.
Segundo a decisão do STF, são investigados, em tese, os crimes de concussão, fraude processual, organização criminosa e lavagem de capitais. Toffoli argumentou que há “plausibilidade” para a investigação e determinou a instauração do procedimento na Corte.
O Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) foi procurado para comentar o caso, mas não se manifestou até o fechamento desta edição. A Justiça Federal do Paraná comunicou que não comentará a operação. O STF informou que ainda reúne detalhes sobre os mandados executados.
O ex-deputado também sustenta que integrantes da Lava Jato manipulavam informações para pressionar desembargadores do TRF-4. Na investigação original do Banestado, ocorrida entre 1996 e 2002, cerca de R$ 30 bilhões teriam sido enviados ilegalmente ao exterior por meio de contas CC-5, esquema que resultou em CPI no Congresso em 2003.
Os materiais apreendidos serão encaminhados à perícia da PF, que deverá elaborar relatório a ser encaminhado ao STF.
Com informações de Gazeta do Povo