Home / Política / Tarcísio intensifica articulação pela anistia a Bolsonaro e amplia apoio para 2026

Tarcísio intensifica articulação pela anistia a Bolsonaro e amplia apoio para 2026

ocrente 1757018625
Spread the love

Brasília — O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), esteve na capital federal entre terça-feira (2) e quarta-feira (3) para reforçar a articulação que busca votar, na Câmara dos Deputados, o projeto de anistia que pode alcançar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A movimentação ocorreu com o aval do próprio Bolsonaro, que também se reuniu com o ex-presidente da Casa Arthur Lira (PP-AL) para pedir apoio à pauta.

Pressão sobre a Câmara

Tarcísio participou de uma série de encontros com líderes partidários e encerrou a agenda em um jantar com o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), o presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI), e o presidente do Republicanos, deputado Marcos Pereira (SP). Segundo Altineu Côrtes (PL-RJ), vice-presidente da Câmara, a presença do governador “é de suma importância” para pautar o texto.

No PL, a expectativa é colocar a proposta em votação em até duas semanas, após o fim do julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a suposta tentativa de golpe de Estado atribuída a Bolsonaro. União Brasil e PP formalizaram apoio ao projeto e, juntamente com PL, Novo, Republicanos e parte de PSD e MDB, afirmam já ter maioria para aprovar a matéria.

O tema deve ser levado à reunião de líderes marcada para terça-feira (9). “A anistia precisa ser pautada”, declarou o líder da oposição, Luciano Zucco (PL-RS). Hugo Motta, porém, afirmou nesta quinta-feira (4) que ainda não há definição e segue ouvindo bancadas favoráveis e contrárias.

Reação do governo e da esquerda

O líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias, reconheceu o crescimento do movimento para discutir a anistia, mas classificou a iniciativa como “interferência no STF” e afirmou que a bancada petista é contra qualquer votação sobre o tema.

Cenário no Senado

Enquanto a articulação avança na Câmara, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), indicou que não pretende pautar um texto que beneficie Bolsonaro. Ele elabora uma proposta alternativa restrita aos condenados pelos atos de 8 de janeiro de 2023, com redução de penas, mas sem incluir o ex-presidente. O posicionamento gerou críticas de oposicionistas, como o senador Jorge Seif (PL-SC), que defende “anistia ampla, geral e irrestrita”.

Alcolumbre tratou do assunto em reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). No encontro, Lula reiterou que perdoar envolvidos no 8 de janeiro “atenta contra a democracia” e, segundo interlocutores do Planalto, fortaleceria Tarcísio de Freitas.

Impacto eleitoral

Bolsonaro está inelegível até 2030 por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), e líderes do PL admitem que a anistia, mesmo aprovada, pode não reverter essa condição a tempo da eleição de 2026. Nesse cenário, Tarcísio é visto por PP, Republicanos, União Brasil, PSD e segmentos do PL como nome viável para disputar o Palácio do Planalto contra Lula.

O governador, porém, tem reafirmado intenção de concorrer à reeleição em São Paulo. Aliados defendem que, ao liderar a aprovação da anistia, ele mostraria força política e consolidaria o apoio de Bolsonaro. Em entrevista ao Diário do Grande ABC, Tarcísio disse que, se eleito presidente, seu “primeiro ato” seria conceder indulto ao ex-mandatário, classificando o julgamento no STF como “desarrazoado”.

Mobilização nas ruas

Após retornar a São Paulo, Tarcísio recebeu no Palácio dos Bandeirantes o líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ), e o pastor Silas Malafaia. O encontro definiu a participação do governador no ato de 7 de Setembro, na Avenida Paulista, em defesa da anistia e contra o ministro do STF Alexandre de Moraes. Também são esperados Michelle Bolsonaro, o governador Romeu Zema (Novo-MG) e o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG).

Nos bastidores, analistas políticos apontam que a disputa em torno da anistia reflete a reacomodação de forças no Centrão após a formação da federação União Progressista (PP/União) e a eleição de Hugo Motta para a presidência da Câmara.

Com informações de Gazeta do Povo