Home / Política / Sete em cada dez entidades com acordo no INSS pagaram operadores investigados, revelam documentos

Sete em cada dez entidades com acordo no INSS pagaram operadores investigados, revelam documentos

ocrente 1759626999
Spread the love

Brasília – Documentos internos do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) mostram que 70% das entidades que firmaram Acordos de Cooperação Técnica (ACTs) para descontar mensalidades diretamente dos benefícios de aposentados repassaram recursos a operadores investigados por fraudes.

Levantamento obtido pelo portal Metrópoles e citado nas investigações da Polícia Federal (PF) e da Controladoria-Geral da União (CGU) indica que, dos 40 ACTs assinados ou renovados desde os anos 2000, 27 apresentam indícios de irregularidades.

Irregularidades recorrentes

As apurações apontam contratação de empresas ligadas a dirigentes das próprias associações, uso de assinaturas falsificadas e procurações em nome de lobistas vinculados ao esquema. Os documentos analisados registram pedidos, aprovações e renovações que permitiram o desconto das mensalidades nos contracheques dos segurados.

O total de 27 entidades suspeitas é quase o dobro das associações investigadas na Operação Sem Desconto, deflagrada em abril pela PF e pela CGU.

Cuidado inexistente com alertas

Entre os casos, há lobistas representando várias entidades ao mesmo tempo e fichas biométricas com fotos idênticas às das carteiras de identidade dos aposentados, sem que o INSS emitisse alertas.

Atuação do “Careca do INSS”

Em sete processos de ACTs foram encontrados e-mails, procurações e outros documentos assinados por Antônio Carlos Camilo Antunes, o “Careca do INSS”, que atuava junto à Diretoria de Benefícios do órgão. Ele entregou parte da documentação por meio de procuração firmada por Maria Inês Batista de Almeida, ex-presidente da Associação de Benefícios dos Empregados Civis (Ambec).

A Ambec, segundo as investigações, movimentou R$ 500 milhões em descontos considerados indevidos entre 2021 e abril de 2025. Maria Inês faleceu em novembro de 2024. Já Maurício Camisotti, dono da Prevident e apontado como beneficiário final de pelo menos três entidades, foi preso no mês passado juntamente com Antunes.

Depoimento à CPMI

Durante audiência na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que apura o caso, Antunes negou ter poder de controle sobre as associações. Disse que as procurações serviam apenas para “destravar a burocracia” e afirmou nunca ter participado de estatutos ou assembleias. “Não sou procurador vitalício de ninguém”, declarou.

Com informações de Gazeta do Povo