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Comissão do Senado vê risco à vida e defende prisão domiciliar a Bolsonaro diante de falhas na Papuda

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Brasília – A Comissão de Direitos Humanos (CDH) do Senado recomendou nesta terça-feira (18) que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) continue em prisão domiciliar, alegando “risco de morte real” caso ele seja transferido para o Complexo Penitenciário da Papuda, no Distrito Federal.

A conclusão consta de relatório elaborado após inspeção realizada na segunda-feira (17) pela presidente da CDH, senadora Damares Alves (Republicanos-DF), acompanhada de Eduardo Girão (Novo-CE), Márcio Bittar (PL-AC) e Izalci Lucas (PL-DF).

Estrutura precária e atendimento médico insuficiente

Os senadores apontaram falta de médicos em plantão contínuo, restrição de consultas ao horário comercial (9h às 17h em dias úteis) e presença de profissional de saúde na chamada “Papudinha” — 19º Batalhão da Polícia Militar, dentro do complexo — apenas uma vez por semana. Na ausência de médicos, a triagem emergencial é feita por policiais penais sem formação técnica.

A comissão relatou ainda escassez de medicamentos, relatos de alimentos azedos ou estragados e inexistência de dieta balanceada, o que leva presos a descartarem as refeições.

Risco de atentado e condições de saúde

No documento, os parlamentares argumentam que Bolsonaro, condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a 27 anos e 3 meses de prisão por suposta tentativa de golpe de Estado, não pode ser tratado “como um preso comum” devido a questões de segurança, dignidade e saúde. O ex-presidente sofre de aderência intestinal recorrente, refluxo, soluços constantes, pressão arterial baixa e episódios de falta de ar superiores a 15 segundos, necessitando atendimento especializado em, no máximo, 20 minutos. O hospital de referência fica a cerca de 20 minutos da Papuda.

Os senadores também citam o risco de novo atentado, lembrando que o complexo abriga integrantes de quatro facções criminosas. O relatório menciona o caso de Cleriston Pereira da Cunha (“Clezão”), preso pelos atos de 8 de janeiro de 2023 e que morreu na Papuda, para ilustrar a incapacidade do sistema prisional em lidar com detentos que requerem cuidados médicos complexos.

Recomendação

Com base nos problemas constatados, a CDH defende que, mesmo após o trânsito em julgado da condenação, a pena seja cumprida em regime domiciliar. O colegiado pede ainda adoção imediata de medidas corretivas no presídio e acompanhamento do Senado.

Bolsonaro está em prisão domiciliar desde 4 de agosto. O STF pode determinar, nas próximas semanas, o início do cumprimento da pena em regime fechado, possivelmente na Papudinha.

Com informações de Gazeta do Povo