Home / Política / Senador aliado de Lula vira alvo da PF e amplia desgaste do Planalto no escândalo do INSS

Senador aliado de Lula vira alvo da PF e amplia desgaste do Planalto no escândalo do INSS

ocrente 1766117215
Spread the love

Brasília — 18/12/2025. A inclusão do senador Weverton Rocha (PDT-MA), vice-líder do governo no Senado, entre os investigados da nova fase da Operação Sem Desconto ampliou a pressão sobre o Palácio do Planalto. Deflagrada pela Polícia Federal (PF) na manhã desta quinta-feira (18), a ofensiva apura fraudes bilionárias em benefícios do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).

No despacho que autorizou a operação, o ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou que os suspeitos “mantinham vínculos estreitos com agentes políticos, especialmente um senador da República, que figuraria como sustentáculo político da operação criminosa”. Apesar de o magistrado não citar nomes, Weverton é o único senador listado nos mandados de busca.

A PF apontou o parlamentar como parte do “núcleo político” que daria suporte a Antônio Carlos Camilo Antunes, o Careca do INSS, apontado como líder do esquema. No total, foram expedidos 52 mandados de busca, 16 de prisão preventiva e outras medidas cautelares nos estados de São Paulo, Paraíba, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Minas Gerais e no Distrito Federal.

Pedido de prisão negado

Os investigadores solicitaram a prisão de Weverton, mas a Procuradoria-Geral da República (PGR) se manifestou contra, por não enxergar “vínculo direto” do senador com o recebimento de valores ilícitos. Em nota, o parlamentar negou participação em corrupção e disse que a decisão do STF reconhece a “ausência de provas” que o liguem a práticas ilegais.

Pagamentos a amiga de Lulinha

Na mesma operação, a PF identificou cinco repasses de R$ 300 mil feitos por Antunes à empresária Roberta Luchsinger, amiga de Fábio Luís Lula da Silva, o Lulinha, filho do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Os investigadores analisam diálogos em que o operador menciona que o dinheiro seria destinado ao “filho do rapaz”, sem citar nomes. Lulinha não é formalmente investigado.

Alvos no Ministério da Previdência

Entre os investigados está um secretário-executivo do Ministério da Previdência, que teve prisão domiciliar decretada. O ministro da pasta, Wolney Queiroz (PDT), determinou a exoneração do servidor. Outro alvo é um programador acusado de substituir Antunes no esquema após o início das apurações.

A PF também cumpriu mandados em endereços ligados a Weverton no Maranhão e em Brasília. Um ex-assessor do senador, que trabalhou com o ex-ministro das Comunicações Juscelino Filho (União Brasil-MA), foi citado como elo entre o parlamentar e o núcleo operacional. Planilhas apreendidas indicam pagamento de R$ 100 mil a esse ex-assessor.

Reflexo no Congresso

Weverton exerce papel estratégico na articulação política ao manter contato direto com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), e relatar a indicação do advogado-geral da União, Jorge Messias, ao STF. A investigação pode afetar essa tramitação, avaliam interlocutores no Legislativo.

Para o relator da CPMI do INSS, deputado Alfredo Gaspar (União-AL), a operação confirma que a comissão “segue no caminho certo”. Ele já havia pedido a oitiva de Weverton para esclarecer a ligação com Antunes.

Análises sobre impacto político

O cientista político Paulo Kramer considera que os desdobramentos oferecem “ativo de alto impacto” para a oposição até a campanha presidencial de 2026, enquanto o também analista Flávio Testa avalia que a maioria governista na CPMI ajuda o Planalto a conter danos.

O escândalo já envolveu familiares do presidente, como o irmão José Ferreira da Silva, o Frei Chico, dirigente do Sindicato Nacional dos Aposentados, citado por suposta omissão de informação em acordo com o governo. Até o momento, ele não é investigado formalmente.

Com o avanço das investigações, o governo intensifica a ofensiva para evitar nova crise política em ano pré-eleitoral.

Com informações de Gazeta do Povo