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Sanções dos EUA à família de Moraes travam avanço do ‘PL da Dosimetria’ na Câmara

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As restrições impostas pelos Estados Unidos à mulher e a empresas ligadas ao ministro Alexandre de Moraes provocaram o adiamento, por tempo indeterminado, da votação do projeto que pretende rever as penas dos condenados pelos atos de 8 de janeiro de 2023. O texto, apelidado de PL da Dosimetria, está sob relatoria do deputado Paulinho da Força (Solidariedade-SP), aliado de Moraes.

Pelo cronograma inicial, a proposta — que sucedeu o antigo PL da Anistia — poderia ter sido pautada ainda em setembro. Contudo, após o anúncio das novas sanções americanas, o relator passou a falar em “repensar tudo que vinha sendo construído”. Segundo ele, qualquer entendimento dependerá do clima no Supremo Tribunal Federal (STF) e entre os líderes partidários.

Pressão do STF e receio de confronto

Líderes de pelo menos três bancadas confirmaram à reportagem que ministros do STF manifestaram preocupação ao presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), sobre a tramitação do projeto logo depois das punições aplicadas pelos EUA. A avaliação interna é de que colocar o tema em votação agora poderia ser interpretado como um gesto de enfrentamento à Corte.

Com isso, o texto deve ser apenas discutido na próxima reunião de líderes, sem previsão de ir ao plenário.

Entenda as sanções

Em 22 de setembro, o governo de Donald Trump incluiu a advogada Viviane Barci de Moraes, esposa do ministro, na lista de penalidades da Lei Magnitsky. Também foram atingidos o escritório que ela administra e a Lex Instituto de Estudos Jurídicos, empresa da família que detém imóveis avaliados em mais de R$ 20 milhões.

Oposição fala em interferência

A mudança de planos gerou reação imediata da bancada de oposição. Para a deputada Caroline de Toni (PL-SC), líder da Minoria, ficou “clara a interferência do Poder Judiciário” na pauta do Legislativo. “É um absurdo que ministros do Supremo digam o que deve ou não ser votado”, declarou.

Reflexos sobre Eduardo Bolsonaro

A tensão também atingiu a tentativa do PL de nomear o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) para a liderança da Minoria. Segundo o líder do partido, Sóstenes Cavalcante (RJ), Hugo Motta recuou após o episódio das sanções americanas, o que ele atribuiu a “retaliação”.

Alvo de 23 faltas não justificadas (62,16 % das sessões) em 2025 e morando nos Estados Unidos desde fevereiro, Eduardo corre risco de perder o mandato por excesso de ausências. Na terça-feira (23), o Conselho de Ética da Câmara abriu processo que pode levar à cassação do parlamentar. Na véspera, Moraes havia encaminhado à Casa a denúncia da Procuradoria-Geral da República contra o deputado.

Outras frentes de atrito

Além da anistia e do caso Eduardo Bolsonaro, ministros do STF atuam em questões que desagradam congressistas.

  • Gilmar Mendes acelerou duas ações que buscam restringir a abertura de impeachment contra membros da Corte.
  • Flávio Dino manteve a cassação do ex-deputado Chiquinho Brazão, argumentando que a representação popular é incompatível com longa ausência do país.
  • O próprio Dino conduz ações sobre transparência das emendas parlamentares, o que pode resultar em inquéritos sobre desvios.

Com a escalada de atritos, o calendário do PL da Dosimetria permanece indefinido e depende, segundo Paulinho da Força, de um “entendimento” que satisfaça Câmara e Supremo.

Com informações de Gazeta do Povo