O advogado Fábio Pagnozzi, defensor da ex-deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), afirmou que a cliente decidiu renunciar ao cargo para “sair em grande estilo” e evitar uma cassação motivada por faltas às sessões da Câmara dos Deputados. A declaração foi dada nesta segunda-feira (15), durante entrevista ao programa Café com a Gazeta do Povo.
Zambelli está presa em regime fechado na Itália, onde possui cidadania, e, por isso, não conseguiria comparecer às votações no Congresso. Segundo Pagnozzi, a renúncia ocorreu após a análise de que a falta de presença acabaria levando, de forma automática, à perda do mandato.
O advogado contou que aconselhou a ex-parlamentar antes da votação que tratava de sua possível cassação. “Carla, caso você ganhe no plenário, será a maior vitória que você poderia ter”, relatou Pagnozzi. Para ele, o julgamento na Câmara era o “processo-mãe”, enquanto apenas acompanhava o andamento da ação no Supremo Tribunal Federal (STF).
No relatório interno da Câmara, o deputado Diego Garcia (Republicanos-PR) recomendou a manutenção do mandato de Zambelli. A posição, entretanto, contrastou com a decisão do ministro Alexandre de Moraes, que já havia determinado a perda do cargo.
Caso Delgatti e condenação
Zambelli foi condenada a 10 anos de prisão por supostamente ter pago R$ 40 mil ao hacker Walter Delgatti Neto para invadir o sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). A Polícia Federal identificou transferências via Pix que somam R$ 13,5 mil feitas por assessores da ex-deputada. Delgatti inseriu no Banco Nacional de Mandados de Prisão (BNMP) um falso mandado de prisão contra o ministro Moraes.
Pagnozzi acrescentou que o hacker também emitiu alvarás de soltura em favor de pessoas desconhecidas de Zambelli, inclusive um parente, e que chegou a ameaçá-la depois de não conseguir cargos em seu gabinete.
Tramitação política
Após a condenação, Zambelli deixou o Brasil e foi presa na Itália, onde enfrenta processo de extradição. Moraes comunicou à Justiça italiana que ela permanecerá no Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília, caso seja devolvida ao país.
Em meio a essas negociações, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), colocou em votação o pedido de cassação, que foi rejeitado pelo plenário. Horas depois, Moraes anulou a deliberação, sustentando que cabia apenas à Casa Legislativa declarar a perda de mandato já determinada pelo STF. Entre essa decisão e a posse do suplente Adilson Barroso, Zambelli formalizou a renúncia.
Com informações de Gazeta do Povo