Pequim – 03/09/2025
O presidente russo, Vladimir Putin, declarou nesta quarta-feira (3) que a aplicação de sobretaxas dos Estados Unidos sobre produtos brasileiros, atribuída à guerra na Ucrânia, “não faz sentido”. Segundo ele, as divergências entre Washington e Brasília não guardam relação com o conflito no Leste Europeu.
Putin falou com jornalistas após participar em Pequim de um desfile militar que marcou os 80 anos do fim da Segunda Guerra Mundial na Ásia. A coletiva foi repercutida pela agência estatal russa Sputnik.
Datas e percentuais das tarifas
O líder russo citou duas datas estabelecidas pelo governo norte-americano:
- 6 de agosto: entrou em vigor uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros. Entre as justificativas, a Casa Branca mencionou o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal, qualificado por Donald Trump como “caça às bruxas”.
- 8 de agosto: prazo anunciado para impor tarifas secundárias de 100% a países que compram mercadorias russas, caso do Brasil, que aumentou a importação de petróleo e derivados da Rússia. O encargo não foi aplicado porque, na semana seguinte, Trump e Putin agendaram uma reunião no Alasca.
O encontro no Alasca não resultou em cessar-fogo na Ucrânia, mas mesmo assim Washington ainda não estendeu a tarifa de 100% a todos os compradores de produtos russos. Na semana passada, porém, os EUA impuseram taxa de 50% à Índia pelo mesmo motivo.
“Brasil virou moeda de troca”, diz Putin
Para Putin, as medidas comerciais têm origem em disputas domésticas norte-americanas. “O que está em jogo aqui são questões internas dos Estados Unidos, e o Brasil está sendo usado como uma espécie de moeda de troca no cenário político americano”, afirmou.

Imagem: VLADIMIR SMIRNOV
Ele acrescentou que não há “disparidade” nas relações econômicas entre Brasil e Estados Unidos e que eventuais desequilíbrios podem ser ajustados em negociações diretas, sem envolver o conflito ucraniano.
Putin também mencionou a política interna brasileira, incluindo o alinhamento das autoridades atuais com o ex-presidente Bolsonaro, para reforçar que o tema não tem ligação com a guerra.
Com informações de Gazeta do Povo