Belém (PA), 21 nov 2025 – Prefeitos e lideranças da Confederação Nacional dos Municípios (CNM) denunciaram nesta sexta-feira (21) a ausência de espaço para as cidades nas discussões da 30.ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30), que chega ao último dia sem consenso.
Segundo a CNM, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não criou canais “reais” de participação para os gestores locais. “Enquanto cobra ambição da comunidade internacional, o país falha em oferecer bases institucionais e financeiras que permitam às prefeituras transformar discurso em ação”, afirmou o presidente da entidade, Paulo Ziulkoski.
A confederação diz que só conseguiu participar da conferência “à base de insistência” e com apoio de organizações privadas, e critica a distância entre a retórica ambiental federal e a realidade das cidades. Os prefeitos pedem que o financiamento climático seja incluído no Orçamento Geral da União, em vez de ser oferecido por meio de empréstimos considerados onerosos.
Falta de estrutura local
<p Levantamento da CNM mostra que:
- 49 % dos prefeitos desconhecem a COP e seus impactos na gestão local;
- 95 % dos municípios registraram prejuízos por desastres entre 2013 e 2024, somando R$ 732,2 bilhões;
- apenas 12 % possuem Defesa Civil própria;
- 67 % dependem de apoio financeiro externo e 56 % enfrentam dificuldades para obter assistência técnica.
Para Ziulkoski, “a implementação do Acordo de Paris acontece nos territórios municipais”, onde prefeitos lidam anualmente com secas, enchentes e outros eventos extremos, mas “seguem à própria sorte”.
Negociações travadas
No último dia da COP 30, negociadores tentam concluir a Declaração de Belém, que deve abordar financiamento climático, metas de emissões e futuro dos combustíveis fósseis. As tratativas estão travadas principalmente pelo impasse entre países ricos e em desenvolvimento sobre recursos e prazos.
O governo federal já desembolsou mais de R$ 787 milhões para organizar o evento. A previsão é de que o documento final seja divulgado no início da noite, possivelmente aquém do esperado pelo Planalto.
Com informações de Gazeta do Povo