Home / Política / Polícia do Rio apura retirada de roupas táticas de mortos antes de exibição de corpos na Penha

Polícia do Rio apura retirada de roupas táticas de mortos antes de exibição de corpos na Penha

ocrente 1761787901
Spread the love

A Polícia Civil do Rio de Janeiro instaurou inquérito para identificar pessoas que retiraram roupas camufladas e, possivelmente, forjaram cortes de faca em corpos de suspeitos mortos durante a Operação Contenção, realizada na quinta-feira (28) no Complexo da Penha, zona norte da capital.

De acordo com o secretário de Polícia Civil, Felipe Curi, imagens registradas pela corporação mostram os mortos ainda na mata da região conhecida como Vacaria usando fardamento tático, coletes à prova de balas e armamento pesado. Horas depois, os mesmos corpos apareceram quase sem roupa, enfileirados na Praça São Lucas, para reconhecimento de familiares.

Segundo Curi, o procedimento padrão seria aguardar a retirada dos cadáveres por agentes do Instituto Médico Legal (IML). “Há vídeos de pessoas retirando os corpos do matagal, despindo-os e levando-os à via pública. Isso distorce a cena do crime e será investigado como tentativa de manipulação de provas”, afirmou.

Corpos fora da contagem oficial

O secretário da Polícia Militar, coronel Marcelo de Menezes Nogueira, informou que os cadáveres levados à praça não estavam incluídos no balanço inicial da operação. “Observamos moradores retirando coturnos e uniformes táticos dos mortos”, declarou.

Moradores relatam ter encontrado mais de 70 corpos na Serra da Misericórdia desde a madrugada de quarta-feira (29), um dia após a ação policial mais letal da história do estado. Com isso, o total de mortos subiu de 64 para 119, sendo quatro policiais, informou Curi em coletiva. Os demais 115 foram classificados pela polícia como “opositores” que atacaram agentes com fuzis e granadas.

Balanço da Operação Contenção

Além das mortes, as forças de segurança prenderam 113 pessoas — 33 oriundas de outros estados — e apreenderam 91 fuzis, 26 pistolas, um revólver e toneladas de drogas ainda em contagem. Também foram detidos 10 adolescentes.

Planejada por dois meses após um ano de investigações, a operação tinha como alvo 100 mandados de prisão contra líderes do Comando Vermelho do Rio e do Pará. A polícia afirma ter cumprido 81 ordens judiciais. Durante o avanço pelas áreas baixas das comunidades, criminosos recuaram para o alto do morro, onde foram confrontados por equipes do Bope. Alguns suspeitos se renderam; outros morreram durante a troca de tiros.

Imagens das fileiras de corpos na praça repercutiram em veículos nacionais e estrangeiros e motivaram boatos de execuções. A Polícia Civil sustenta que as lesões teriam sido simuladas para atribuir abusos aos agentes.

O inquérito corre na 22ª Delegacia de Polícia (Penha). Até o momento, não há identificação formal dos responsáveis pela remoção e adulteração dos cadáveres.

Com informações de Gazeta do Povo