A Procuradoria-Geral da República (PGR) apresentou, nesta sexta-feira (22), denúncia ao Supremo Tribunal Federal (STF) contra o perito Eduardo Tagliaferro, que chefiou a Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação (AEED) do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) entre agosto de 2022 e maio de 2023. Ele foi assessor direto do ministro Alexandre de Moraes e deixou o Brasil alegando temor por ter denunciado a atuação do ex-chefe.
Assinada pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet, a peça acusa Tagliaferro de violação de sigilo funcional, obstrução de investigação de organização criminosa, coação no curso do processo e tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito. A PGR também solicita que o STF determine o pagamento de indenização pelos supostos danos causados.
Acusações detalhadas
De acordo com Gonet, o ex-assessor divulgou a jornalistas diálogos internos e informações protegidas por sigilo, com a intenção de “colocar em dúvida a legitimidade e a lisura” de inquéritos conduzidos pelo Supremo e, assim, estimular manifestações antidemocráticas.
A PGR sustenta que essas ações beneficiariam uma organização criminosa dedicada à difusão de notícias falsas contra o sistema eletrônico de votação, o STF e o TSE, além de envolvida em tentativa de golpe de Estado. Ainda segundo a denúncia, após sair do país, Tagliaferro ameaçou revelar novos dados sigilosos em território estrangeiro.
Inquéritos e mensagens vazadas
Em agosto de 2024, Moraes instaurou inquérito após a Folha de S. Paulo publicar conversas entre Tagliaferro e o juiz instrutor Airton Vieira, apontando o uso extraoficial de relatórios do TSE em investigações sobre notícias falsas. Em abril de 2025, a Gazeta do Povo divulgou mensagens em que o perito manifestava temor de ser preso ou morto pelo ministro.
Imagem: Alejandro Zambrana via gazetadopovo.com.br
Entrevista e arrecadação online
Na denúncia, Gonet cita a participação de Tagliaferro em 30 de julho de 2025 no programa Conversa Timeline, no YouTube, apresentado pelo jornalista Allan dos Santos. Na ocasião, o ex-assessor afirmou estar “perseguido” e prometeu apresentar “provas” contra Moraes. A PGR também menciona campanha de arrecadação via chave Pix intitulada “Ajude o Tagliaferro a ir aos USA na Timeline expor as provas do TSE”.
O processo agora aguarda a análise do ministro relator no STF, que decidirá sobre o recebimento ou não da denúncia.
Com informações de Gazeta do Povo