Brasília – A Polícia Federal apura cinco transferências de R$ 300 mil, totalizando R$ 1,5 milhão, feitas pelo empresário Antônio Carlos Camilo Antunes, o “Careca do INSS”, para a empresa da empresária Roberta Luchsinger, amiga de Fábio Luís da Silva, o Lulinha, filho do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Os repasses aparecem em decisão do ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal (STF), que autorizou, em 18 de dezembro de 2025, nova fase da Operação Sem Desconto. Nas mensagens coletadas, Antunes orienta um funcionário a efetuar os pagamentos e menciona que o destinatário seria “o filho do rapaz”, sem detalhar a quem se referia.
Pagamentos sem comprovação de serviço
Segundo relatório da PF, o dinheiro saiu de uma consultoria ligada a Antunes e foi creditado na firma de Luchsinger em parcelas vinculadas a “Projeto Energia”, “Projeto Esmagadoras” e “Projeto Hidrogênio”. Os investigadores apontam incompatibilidade temporal entre os supostos serviços e a falta de prova de execução.
Alvo de busca e apreensão, Roberta passou a usar tornozeleira eletrônica. Sua defesa nega ligação com descontos do INSS e diz que tratava apenas de “regulação de empresas de canabidiol”, negociações que não teriam avançado.
Conversas sobre envelope e celulares
Em diálogo de 29 de abril de 2025, Luchsinger alerta Antunes: “Acharam um envelope com nome do nosso amigo”. O empresário reage: “PUTZ”. Na mesma data, ela aconselha: “Some com esses telefones. Joga fora”. Já em 5 de maio, volta a citá-lo, mencionando “Fábio” e “Friboi”. Para a PF, as trocas mostram tentativa de manter o esquema mesmo após a primeira ofensiva policial.
Lulinha fora do inquérito, mas na mira da CPMI
O nome completo de Fábio Luís da Silva não aparece na decisão, e ele não é formalmente investigado. Em 4 de dezembro, a CPMI do INSS tentou convocá-lo, mas a base governista bloqueou o requerimento. Com a nova fase da operação, deputados do Novo reapresentaram o pedido.
Ex-assessor relata “mesada” de R$ 300 mil
Fora da decisão de Mendonça, o ex-assessor de Antunes, Edson Claro, declarou à PF ter recebido uma “mesada” de cerca de R$ 300 mil, que poderia somar R$ 25 milhões. Ele também disse que Antunes e Lulinha teriam viajado juntos a Portugal em novembro de 2024, ocupando assentos de primeira classe no voo Latam JJ8148, de Guarulhos a Lisboa.
Senador apontado como sustentáculo político
Mendonça citou, sem nomear, um senador como peça de apoio ao esquema. A PF relaciona o caso ao senador Weverton Rocha (PDT-MA), também alvo de buscas. A corporação solicitou a prisão do parlamentar, mas a Procuradoria-Geral da República foi contra, alegando falta de prova de participação direta.
Planilhas apreendidas indicam pagamentos de R$ 100 mil em propina ao ex-assessor Gustavo Marques Gaspar, apelidado de “Gasparzinho”. As conversas envolvem criação de empresas e menções ao contador Alexandre Caetano, ligado a Antunes.
As investigações continuam sob sigilo, com novos pedidos de quebras de sigilo telefônico e fiscal para mapear a origem dos recursos e a extensão dos supostos desvios.
Com informações de Gazeta do Povo