Brasília – Entre setembro de 2022 e setembro de 2025, legendas de direita e centro com menor representação no Congresso lideraram o crescimento no número de filiados, segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) analisados pela Gazeta do Povo.
Novo e Podemos lideram a expansão
O Novo registrou o maior avanço proporcional: de 30.711 para 69.236 filiados, aumento de 124,3% no período. Já o Podemos passou de 404.433 para 801.626 membros, alta de 98,2%. Parte desse salto ocorreu após a incorporação do Partido Social Cristão (PSC), aprovada pelo TSE em junho de 2023; o PSC somava 402.603 filiados antes da fusão.
Demais crescimentos e quedas
Outras siglas que ampliaram a base de apoiadores foram:
- Rede: 54,6%;
- Solidariedade: 47,7%;
- PSOL: 31,8%;
- Republicanos: 14,7%;
- Avante: 12,3%.
Na contramão, a federação PSDB-Cidadania encolheu 4% e 6,4%, respectivamente, enquanto o PDT recuou 3,6%.
Cláusula de barreira pressiona reorganização
O fortalecimento de legendas menores ocorre após o fim das coligações proporcionais e da adoção da cláusula de desempenho. Para 2026, cada partido precisará eleger ao menos 13 deputados federais e atingir 2,5% dos votos válidos nacionais para manter acesso ao fundo partidário e ao horário eleitoral.
A exigência acelerou fusões, incorporações e formações de federações, especialmente entre agremiações de esquerda, que buscam preservar tempo de TV e recursos públicos.
Estratégias do Novo
Apesar de ter reduzido sua bancada de oito para três deputados entre 2018 e 2022, o Novo ampliou diretórios, lançou candidaturas em todo o país e reelegeu o governador Romeu Zema (MG). Nas eleições municipais de 2024, elegeu 18 prefeitos, 33 vice-prefeitos e 263 vereadores – desempenho muito superior ao de 2020, quando conquistara apenas um prefeito, um vice e 29 cadeiras de vereadores.
Ao comentar os resultados, o presidente do partido, Eduardo Ribeiro, afirmou que o engajamento de novos filiados deverá impulsionar campanhas mais competitivas em disputas estaduais e municipais.
Atualmente, a legenda conta com um senador – Eduardo Girão (CE) – e cinco deputados federais: Adriana Ventura (SP), Gilson Marques (SC), Luiz Lima (RJ), Marcel van Hattem (RS) e Ricardo Salles (SP).
Federações de esquerda buscam sobrevivência
A federação PSOL/Rede, que reúne 19 parlamentares, ampliou sua militância, mas a Rede perdeu parte de sua representação no Senado desde 2018, quando elegeu cinco senadores. A migração de parlamentares para outras siglas reduziu sua visibilidade e incentivou a opção pelo modelo de federação.
Especialistas ouvidos pela reportagem avaliam que, diante da cláusula de barreira, a união de partidos ideologicamente próximos garante tempo de TV, recursos e identidade política sem o risco de extinção.
Comparação com legendas maiores
Entre os grandes partidos, o PL contabilizou 893.223 filiados em setembro de 2025, alta de 18,2% em três anos. O MDB permanece como a maior legenda em filiações, com 2.037.255 membros, embora tenha perdido pouco mais de 40 mil desde 2022.
A movimentação de filiados indica busca por alternativas aos partidos tradicionais e reforça a tendência de reorganização partidária imposta pelas novas regras eleitorais.
Com informações de Gazeta do Povo