Brasília – Um F-39 Gripen, matrícula FAB 4111, chegou ao Brasil na noite de sexta-feira (14) e passará a compor a frota de oito aeronaves já recebidas pela Força Aérea Brasileira (FAB). O exemplar integra o contrato de US$ 4,5 bilhões, assinado em 2014, que prevê a entrega de 36 caças até 2032.
Travessia de 20 dias e logística em Santa Catarina
Fabricado em Linköping, na Suécia, o jato percorreu mais de dez mil quilômetros por via marítima até o porto de Navegantes (SC), após cerca de 20 dias de navegação a partir de Norrköping. Depois do desembarque, o caça foi transportado por três quilômetros até o aeroporto local em operação coordenada pela Comissão Coordenadora do Programa Aeronave de Combate (Copac) com apoio de diversas unidades da FAB.
Nos próximos dias, técnicos da Saab instalarão o assento ejetável, farão abastecimento e preparações finais. Concluída a checagem, o avião seguirá para a Base Aérea de Anápolis (GO), onde será incorporado ao 1º Grupo de Defesa Aérea.
Atrasos persistem
Mais de uma década após a assinatura do contrato, apenas nove Gripen foram entregues e nenhum deles está certificado para missões de combate. Segundo a FAB, as aeronaves operam em fase inicial, sem integração completa de mísseis, canhão interno e lançadores de bombas.
A versão biposto, Gripen F — voltada a treinamento avançado — só deverá voar em 2026. O cronograma revisado indica que as 27 unidades restantes, modelos E e F, serão repassadas até 2032, cinco anos depois da previsão original.
Restrição orçamentária e cenário geopolítico
Contingenciamentos de verbas têm afetado o programa desde o início, atrasando pagamentos à Saab, testes e transferência de tecnologia. A recente aproximação diplomática entre Brasil e Rússia também gera preocupação em Estocolmo, agora membro da Otan, sobre o repasse de códigos e sistemas sensíveis.
Embora a Saab reafirme “confiança no Brasil como parceiro” e a FAB negue qualquer impedimento formal, analistas veem risco de eventuais restrições semelhantes às aplicadas pela aliança atlântica a outros países que adquiriram equipamentos russos.
Treinamento e transferência de tecnologia
Pilotos brasileiros já concluíram instrução teórica, prática e voos em simulador na Suécia, e engenheiros do país participam do desenvolvimento do Gripen F. Contudo, o acesso ao código-fonte integral do sistema de missão permanece limitado, algo recorrente em acordos de defesa, mas sensível para a autonomia operacional pretendida pela FAB.
Enquanto os testes prosseguem, a incorporação dos caças em Anápolis é considerada fundamental para modernizar o poder aéreo nacional, ainda dependente de aeronaves mais antigas.
Com informações de Gazeta do Povo