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Nobel da Paz afirma que Brasil pode pressionar Rússia por soluções humanitárias na guerra da Ucrânia

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Oleksandra Matviichuk, advogada ucraniana e fundadora do Centro pelas Liberdades Civis — organização que recebeu o Prêmio Nobel da Paz em 2022 — declarou nesta segunda-feira (6) que o governo brasileiro tem condições de atuar de forma mais efetiva junto ao Kremlin para resolver questões humanitárias urgentes decorrentes da invasão russa à Ucrânia.

Em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, Matviichuk destacou que Brasília mantém um canal aberto de comunicação com Moscou. “Acredito firmemente que o Brasil pode fazer mais. Esse diálogo pode ser usado como ferramenta para persuadir a Rússia a adotar medidas humanitárias imediatas”, afirmou.

A ativista lembrou que o presidente russo, Vladimir Putin, é alvo de mandado de prisão do Tribunal Penal Internacional (TPI) por deportação ilegal de crianças ucranianas desde fevereiro de 2022. Segundo ela, essa condição jurídica motivou o líder russo a evitar viagens a países que integram o TPI, como o Brasil.

Putin decidiu não comparecer à cúpula do G20 realizada em outubro de 2024 no Rio de Janeiro. Na ocasião, justificou que “excelentes relações” com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) poderiam ser prejudicadas caso sua presença atrapalhasse o encontro.

Matviichuk defendeu ainda a criação de um tribunal especial para julgar crimes de agressão cometidos pela Rússia e cobrou a adesão brasileira à iniciativa. “Espero que o Brasil não permaneça neutro diante dessa opressão”, declarou, frisando que o direito humanitário internacional identifica claramente um agressor e uma vítima no conflito.

Lula entre Moscou e Kiev

Em maio deste ano, Lula viajou a Moscou para participar das cerimônias dos 80 anos da vitória do Exército Vermelho sobre a Alemanha nazista. O evento contou também com os presidentes Xi Jinping (China), Miguel Díaz-Canel (Cuba) e Nicolás Maduro (Venezuela).

No mês passado, à margem da Assembleia-Geral da ONU, o chefe do Executivo brasileiro teve o primeiro encontro presencial com o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky. Após a reunião, Lula afirmou que “fará o possível” para ajudar a trazer paz ao país, enquanto Zelensky agradeceu o “posicionamento claro” do brasileiro.

Lula disse ainda que pretende conversar tanto com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, quanto com Putin para tentar mediar o fim da guerra. “Sei que Trump é amigo do Putin; também sou amigo do Putin. Se um amigo pode uma coisa, dois amigos podem muito mais”, declarou o petista na ocasião.

Com informações de Gazeta do Povo