São Paulo — O pastor Silas Malafaia criticou o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), por não adotar uma posição firme contra o Supremo Tribunal Federal (STF) e o ministro Alexandre de Moraes. Em entrevista concedida à BBC Brasil e publicada neste sábado (23/08/2025), o religioso afirmou que, até o momento, o chefe do Executivo paulista tem “decepcionado” por não defender de maneira mais incisiva o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
“Por enquanto, (Tarcísio) tem me decepcionado. Vamos ver a história para ver até onde isso vai”, declarou Malafaia. O pastor destacou que, embora o governador costume repetir a frase “Volta, Bolsonaro” e já tenha chamado Bolsonaro de “maior presidente da história do Brasil”, ele nunca teria feito críticas diretas nem ao STF nem ao ministro Alexandre de Moraes. “Nunca vi o Tarcísio fazer uma crítica a Alexandre de Moraes e nem ao Supremo Tribunal Federal”, afirmou.
Para Malafaia, a ausência de um confronto público com o Judiciário cria uma contradição entre o discurso de apoio a Bolsonaro e a prática política de Tarcísio. Mesmo em tom de cobrança, o pastor ponderou que “a grandeza do ser humano não são seus acertos, é reconhecer seus erros e corrigir suas rotas”.
Operação da PF
A semana também foi marcada por uma busca e apreensão contra o próprio Malafaia. Na quarta-feira (20/08/2025), ao desembarcar de uma viagem a Portugal no Aeroporto Internacional do Galeão, no Rio de Janeiro, o pastor teve celular e passaporte apreendidos pela Polícia Federal (PF). A operação foi autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF.
Segundo a PF, Malafaia teria articulado estratégias, divulgado “narrativas inverídicas” e atuado para coagir integrantes da cúpula do Judiciário. Moraes ainda determinou que o pastor não deixe o país nem mantenha contato com outros investigados, entre eles Jair Bolsonaro e o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP).
Imagem: Fábio Rodrigues Pozzebom via gazetadopovo.com.br
Defesa nega irregularidades
Em nota, a defesa de Silas Malafaia classificou a ação da PF como “desproporcional, injustificada e abusiva”. O advogado Jorge Vacite Neto afirmou que as mensagens mencionadas na investigação são privadas, foram retiradas de contexto e “não revelam qualquer conduta irregular ou interesse pessoal”. Para ele, transformar opiniões legítimas em suspeitas de crime “é atentado contra a democracia e a liberdade religiosa”.
Com informações de Gazeta do Povo