O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) declarou nesta quarta-feira, 6 de agosto de 2025, que o governo dos Estados Unidos não deve interferir na forma como o Brasil estabelece regras para as grandes empresas de tecnologia. Segundo ele, plataformas que se recusarem a seguir a legislação nacional “podem sair do País”.
Recado a Trump
A declaração foi dada em entrevista à agência Reuters, após Lula comentar uma carta enviada pelo presidente norte-americano, Donald Trump. No documento, Trump criticou o julgamento que tornou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) inelegível e as decisões do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes envolvendo redes sociais. Para Lula, o líder americano tenta impedir que companhias dos Estados Unidos sejam submetidas a normas brasileiras.
“Este país é soberano, tem Constituição e legislação próprias. É nossa obrigação regular o que precisarmos regular, de acordo com os interesses e a cultura do povo brasileiro. Se não quiserem regulação, que saiam do Brasil. Da mesma forma que, nos EUA, uma empresa brasileira é obrigada a cumprir a legislação americana”, afirmou o presidente.
Decisão do STF sobre o Marco Civil
Em junho, o Supremo Tribunal Federal considerou parcialmente inconstitucional o artigo 19 do Marco Civil da Internet, ampliando a responsabilidade das redes sociais sobre conteúdo publicado por usuários. Por 8 votos a 3, os ministros autorizaram que plataformas removam publicações sem ordem judicial, medida que, segundo críticos, pode favorecer a censura online.
Tarifas e relação bilateral
Lula também abordou o aumento de 50% nas tarifas norte-americanas sobre produtos brasileiros, em vigor desde esta quarta-feira. Disse não acreditar que Trump pretenda negociar e afirmou que não irá “se humilhar” tentando contato direto com o republicano. “Ele que cuide dos Estados Unidos. Do Brasil, cuidamos nós”, declarou, acrescentando que apenas o povo brasileiro “manda no presidente”.
Imagem: Marcelo Camargo via gazetadopovo.com.br
Apesar do momento que classificou como o “pior em 200 anos” de relações entre Brasil e EUA, Lula disse apostar em uma solução para o impasse e espera que sua entrevista seja repercutida nos Estados Unidos. “A única certeza que eu tenho é que a gente vai encontrar uma solução”, ressaltou.
Próximos encontros
Lula afirmou não ter nada contra Trump e pretende convidá-lo para a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP 30), marcada para 10 a 21 de novembro em Belém (PA). Ele também sinalizou a possibilidade de se reunir com o presidente norte-americano durante a Assembleia Geral da ONU, em Nova York, em setembro.
Com informações de Gazeta do Povo
