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Indicação de Flávio Bolsonaro para 2026 mobiliza base fiel, mas enfrenta resistência do Centrão

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Brasília — O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) confirmou nesta sexta-feira, 5 de dezembro de 2025, que foi escolhido pelo pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro, para disputar o Palácio do Planalto em 2026. O anúncio intensificou o movimento de aliados no Congresso, mas também expôs divergências dentro do próprio PL e de partidos do Centrão.

Apoio imediato da ala bolsonarista

Logo após a declaração, parlamentares próximos ao ex-chefe do Executivo declararam fidelidade à decisão. O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, afirmou que “Bolsonaro falou, está falado”, enquanto o deputado Mario Frias (PL-RJ) e o ex-ministro Fabio Wajngarten reiteraram lealdade ao nome do senador.

Líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ) criticou a hesitação de siglas do Centrão: “Vamos livrar o Brasil do PT!”. O líder da oposição, Luciano Zucco (PL-RS), defendeu a unificação da direita. Já Gustavo Gayer (PL-GO) celebrou a escolha como “motivo de alegria”, e Rodolfo Nogueira (PL-MS) avaliou que qualquer indicado por Bolsonaro “já nasce no segundo turno”.

No Senado, o líder da oposição, Rogério Marinho (PL-RN), confirmou apoio: “Flávio, conte comigo!”. Deputados como Sanderson (PL-RS) e Coronel Tadeu (PL-SP) viram na decisão a continuidade do projeto iniciado em 2018.

Centrão mantém cautela

Mesmo com a mobilização da bancada bolsonarista, dirigentes de PSD, União Brasil e Republicanos duvidam da capacidade de Flávio de aglutinar o bloco. O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e o governador do Paraná, Ratinho Junior (PSD), ainda são apontados como alternativas mais competitivas.

Antes do anúncio, o presidente do PP, Ciro Nogueira (PI), declarou ao portal Poder360 que apenas Tarcísio e Ratinho “teriam condições de unir o centro com a direita”. No União Brasil, o presidente nacional Antônio Rueda divulgou nota defendendo um projeto “sério e responsável”, distante da polarização.

A escolha também contrariou parte do PL que defendia a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro como vice “imbatível”. Jair Bolsonaro, entretanto, reiterou que o filho é o sucessor “mais preparado”.

Reação do governo Lula

No Planalto, a resposta veio em tom de ironia. O líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), classificou o movimento como “nada de novo” e disse que a base governista está “pronta para derrotá-lo”. O líder do PT, Lindbergh Farias (RJ), avaliou que o gesto mira manter o protagonismo do bolsonarismo, não ameaçar a reeleição de Luiz Inácio Lula da Silva. Para ele, uma eventual candidatura de Tarcísio seria mais danosa ao grupo de Bolsonaro.

O presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial, Ricardo Cappelli (PSB), minimizou o impacto das críticas do Centrão e disse que “não enchem uma Kombi com eleitores”, mas alertou para “segurança pública e a influência de Donald Trump nas Big Techs” como fatores externos de atenção.

Mercado financeiro reage

A Bolsa de Valores de São Paulo, que subia pela manhã, inverteu o sinal após o anúncio e, por volta das 15h, recuava quase 2%. O dólar avançou 2,31%, encerrando o dia a R$ 5,43 — maior cotação desde 16 de outubro. Operadores veem com reservas candidaturas alinhadas a Jair Bolsonaro.

Para o cientista político Erich Decat, da Warren Investimentos, a indicação funciona mais como “recado político” ao Centrão do que como passo concreto rumo à sucessão. Já o analista Anderson Nunes avaliou que “nada muda” e manteve Tarcísio como favorito, com Ratinho Junior como segunda opção caso o paulista desista.

Flávio Bolsonaro realizou duas viagens a São Paulo nesta semana — na segunda-feira (1º) e na quinta-feira (4) —, em tentativa de alinhar o movimento com Tarcísio e evitar ruídos internos. A definição deve ampliar as negociações de alianças na direita nos próximos meses.

Com informações de Gazeta do Povo