O coletivo Mulheres Negras Decidem divulgou, na quinta-feira (20), nota de repúdio à escolha de Jorge Messias, atual advogado-geral da União, para a vaga aberta no Supremo Tribunal Federal (STF). A indicação foi oficializada pelo presidente Lula (PT) justamente no Dia da Consciência Negra.
No texto, o grupo afirma que, pela 12ª vez desde a redemocratização, o país deixa de nomear uma jurista negra para a Corte e acusa o governo de manter “o caráter excludente da mais alta instância do Poder Judiciário”.
Marcha marcada para 25 de novembro
Como resposta, o movimento confirmou a realização de uma marcha em Brasília na próxima terça-feira (25). O ato, segundo a entidade, terá como foco “representação no Poder Judiciário, por mais de nós, e por uma Presidência da República que não nos despreze e nos escute”.
Críticas ao que chamam de “racismo estrutural”
Em publicação conjunta com o Instituto Papo Reto e influenciadores de esquerda, o coletivo destacou: “No dia da Consciência Negra, mais um homem branco é indicado ao STF”. O post acrescenta que, mesmo que todas as futuras nomeações sejam femininas, a maioria masculina pode permanecer na Corte até 2043.
“É mais uma porta fechada. Mais um gesto de desrespeito. Mais um capítulo do racismo estrutural que atravessa o sistema de Justiça brasileiro e a vida das mulheres negras”, diz a nota.
Pressão por mulher negra na Corte
A cobrança por representação negra e feminina no Supremo se intensificou já na primeira vaga do atual mandato, quando Lula escolheu Cristiano Zanin. Depois, o presidente indicou Flávio Dino. Com a terceira oportunidade, as reivindicações ganharam força, mas o Palácio do Planalto optou por Messias. Outros nomes cogitados eram o senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG) e o ministro do Tribunal de Contas da União, Bruno Dantas.
A reportagem informou que procurou Jorge Messias e a Presidência da República, mas ainda não obteve retorno.
Com informações de Gazeta do Povo