A Advocacia-Geral da União (AGU) reagiu nesta quarta-feira (10) à declaração da porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, de que o ex-presidente norte-americano Donald Trump estaria disposto a recorrer a “poder econômico” e “poder militar” dos Estados Unidos para proteger a liberdade de expressão diante do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Sem citar nomes, o ministro da AGU, Jorge Messias, classificou como “falsos patriotas” os que defendem ingerência externa no sistema de Justiça brasileiro. “O Brasil é um país pacífico, do diálogo, do respeito e da solidariedade. Os falsos patriotas que incitam animosidade com nações historicamente aliadas e pedem intervenções estrangeiras em nosso Judiciário são verdadeiros traidores da pátria”, afirmou.
Messias acrescentou que qualquer tentativa de ruptura institucional receberá resposta “dentro da lei”. “Aos que clamam por golpe, responderemos com a lei. Aos que pedem o arbítrio, seguiremos com nossa Constituição, que nos predica a independência nacional, a igualdade entre os Estados e a defesa da paz”, declarou.
Gleisi Hoffmann chama posicionamento de “inadmissível”
Antes da manifestação de Messias, a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann (PT), já havia criticado a fala da porta-voz norte-americana. “A conspiração da família Bolsonaro contra o Brasil chegou ao cúmulo hoje, com a declaração de que os EUA podem usar até força militar contra o nosso país. Isso é totalmente inadmissível”, escreveu em rede social.
Como surgiu a polêmica
A controvérsia teve início na terça-feira (9/9). Durante coletiva na Casa Branca, o jornalista Michael Shellenberger, do site Public News, perguntou a Leavitt se Trump planejava adotar medidas adicionais caso o julgamento no Tribunal Superior Eleitoral torne Bolsonaro inelegível. A porta-voz respondeu que o tema é “prioridade” para o ex-presidente republicano e acrescentou: “O presidente não tem medo de usar o poder econômico, o poder militar dos Estados Unidos da América para proteger a liberdade de expressão ao redor do mundo”.
O julgamento citado por Shellenberger pode definir o futuro político de Bolsonaro, acusado de abuso de poder e uso indevido dos meios de comunicação em reunião com embaixadores realizada em julho de 2022. A defesa do ex-presidente nega irregularidades.
As declarações de Leavitt provocaram reação imediata no Palácio do Planalto, que reiterou a disposição de tratar qualquer tentativa de pressão externa dentro dos marcos constitucionais brasileiros.
Com informações de direitaonline.com.br