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Governo fica à frente da CPI do Crime Organizado, mas oposição promete evidenciar menor violência em estados da direita

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Brasília – Instalada nesta terça-feira (4), a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Crime Organizado será comandada pelo senador Fabiano Contarato (PT-ES), escolhido por 6 votos a 5. A relatoria ficou com Alessandro Vieira (MDB-SE), autor do requerimento que criou o colegiado. A decisão representa revés para a oposição, que contava com Hamilton Mourão (Republicanos-RS) na presidência.

Liderada por Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e por Mourão, a ala oposicionista anunciou que usará a CPI para comparar índices de segurança pública. O grupo pretende sustentar que unidades da federação administradas por governadores de direita apresentam resultados melhores que as governadas pela esquerda.

Governadores e secretários serão convocados

Sete requerimentos apresentados por Vieira foram aprovados logo na sessão de instalação. Eles convidam gestores de segurança de quatro unidades com menores indicadores de violência — Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e Distrito Federal —, todas sob comando de políticos de direita. Também serão chamados representantes de Amapá, Bahia, Pernambuco, Ceará e Alagoas, estados que figuram entre os piores no ranking de criminalidade.

Durante o debate, Eduardo Girão (Novo-CE) relatou episódios de violência no Ceará e destacou que, segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, dez dos 12 municípios mais violentos do país estão na Bahia e no Ceará, ambos governados pelo PT.

Manobra garante maioria governista

A vitória de Contarato veio após o PSD substituir Nelsinho Trad (MS) por Angelo Coronel (BA), alinhado ao Palácio do Planalto, alterando a correlação de forças na CPI. Girão classificou a troca como “dança das cadeiras” para favorecer o governo. Já Flávio Bolsonaro reclamou que nenhum senador petista assinou o pedido de criação da comissão.

Autorizada pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), a CPI terá prazo inicial de 120 dias, prorrogável pelo mesmo período. Entre os 11 titulares, além de Bolsonaro e Girão, estão críticos do Planalto como Sergio Moro (União-PR), Magno Malta (PL-ES) e Marcos do Val (Podemos-ES).

Declarações de Lula entram no radar

A oposição planeja ainda explorar falas recentes do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Nesta terça-feira, Lula disse que o governo federal investigará a Operação Contenção, ação policial que resultou em 121 mortes no Rio de Janeiro. O presidente afirmou que a operação “virou matança”, contrariando o governador fluminense Cláudio Castro (PL), que a classificou como sucesso.

Pesquisa Genial/Quaest divulgada no sábado (2) apontou que 64% dos moradores do Rio aprovam a operação, e 73% defendem mais ações do tipo. Lula também provocou reação ao dizer na Indonésia que usuários de drogas têm responsabilidade sobre o tráfico, declaração que deve ser retomada por opositores na CPI.

Contarato assegurou que conduzirá os trabalhos de forma independente. O petista recordou apoio à Lei 14.843, que restringe saídas temporárias de presos, e ao PL 1.473/2025, que eleva punições para adolescentes envolvidos em crimes graves. “Segurança pública não é pauta exclusiva da direita”, declarou.

Com informações de Gazeta do Povo