O anúncio do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) como pré-candidato ao Palácio do Planalto mexeu imediatamente com o xadrez político. Apontado pelo pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro, como herdeiro do projeto conservador, o parlamentar tenta agora persuadir partidos de centro-direita e investidores de que pode enfrentar Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2026.
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Nesta segunda-feira, 8 de dezembro de 2025, Flávio reuniu-se em Brasília com os presidentes Valdemar Costa Neto (PL), Ciro Nogueira (PP) e Antonio Rueda (União Brasil) para discutir uma frente ampla à direita. A movimentação responde ao ceticismo de legendas que, mesmo próximas ao bolsonarismo, ainda cobram pesquisas e viabilidade eleitoral antes de sacramentar alianças.
Ciro Nogueira, em visita ao diretório paranaense do PP, afirmou considerar Flávio o principal sucessor político de Jair Bolsonaro, mas ressaltou que a escolha não pode se basear apenas em afinidade. “Política se faz com pesquisa, viabilidade e construção com os partidos aliados”, declarou.
Declarações de Tarcísio e de governadores
Favorito do Centrão até a entrada de Flávio, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), disse ser “leal e grato” a Bolsonaro. “O senador terá nosso suporte”, afirmou, destacando a necessidade de um projeto unificado para “afastar o que está aí”, referência ao governo Lula.
Outros governadores ligados à direita também se posicionam. Romeu Zema (Novo), de Minas Gerais, sinalizou que abriria mão da disputa para apoiar um nome único, enquanto Ronaldo Caiado (União), de Goiás, sofre pressão interna para seguir o mesmo caminho.
Mercado reage com cautela
A confirmação da pré-candidatura teve reflexos imediatos: queda na Bolsa e alta do dólar. A reação negativa refletiu o desapontamento de investidores que viam em Tarcísio uma opção tida como mais moderada. Analistas aguardam as próximas pesquisas de intenção de voto e detalhes do plano econômico de Flávio para recalibrar expectativas.
Amnistia como peça-chave
Aliados avaliam que a principal moeda de troca para uma eventual retirada de Flávio seria a aprovação da anistia que pode restituir os direitos políticos do ex-presidente. Sem garantias de que o tema prospere no Congresso até 2027, o senador mantém a pré-candidatura.
Especialistas veem mudança de cenário
Para o cientista político Ismael Almeida, a decisão de Jair Bolsonaro tirou o ex-mandatário da condição de alvo passivo de sua condenação e devolveu a ele o protagonismo no campo conservador. Segundo o analista, a direita havia preparado um consenso em torno de Tarcísio, mas a escolha do filho “virou o jogo” e obriga centrão, mercado e demais pré-candidatos a se reposicionarem.
Impactos imediatos da pré-candidatura
A entrada de Flávio:
- unifica o comando político da família Bolsonaro;
- pressiona partidos de centro-direita a definir posição;
- leva o mercado a aguardar pesquisas e propostas econômicas;
- apresenta ao eleitor um perfil considerado menos conflitivo que o do pai;
- reforça pautas de costumes e liberalismo econômico entre conservadores.
Com agenda centrada em “tirar o PT do poder, restaurar liberdades e conter o avanço do Estado”, o senador pretende percorrer as principais capitais ainda em dezembro para avançar na costura de alianças e medir sua força nas sondagens eleitorais.
Com informações de Gazeta do Povo