Belo Horizonte – A corrida ao Palácio Tiradentes ganhou novo desenho após o vice-governador Mateus Simões trocar o Novo pelo PSD e o ex-prefeito de Belo Horizonte Alexandre Kalil migrar para o PDT. As movimentações, confirmadas nos últimos dias, reposicionam blocos de centro-direita e de esquerda na disputa estadual de 2026.
Centro-direita se reorganiza com Simões
Simões oficializou a filiação ao PSD na segunda-feira (27.out.2025), durante evento na capital mineira. O ato teve a presença do governador Romeu Zema (Novo-MG) e do presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab. A sigla articula uma frente ampla de partidos de centro-direita em torno do vice-governador, que ainda é pouco conhecido por parcela relevante do eleitorado.
Com a chegada de Simões, o PSD se afasta de nomes ligados ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva que cogitavam concorrer ao Executivo mineiro, como o senador Rodrigo Pacheco e o ministro Alexandre Silveira (Minas e Energia).
Kalil assume pré-candidatura pelo PDT
Do lado oposto, Alexandre Kalil deixou o Republicanos e se filiou ao PDT, também como pré-candidato ao governo. Ex-presidente do Atlético-MG e aliado de Lula na eleição de 2022, Kalil rompeu com o PSD municipal após apoiar Mauro Tramonte (Republicanos) na disputa pela prefeitura da capital em 2024.
Em entrevista após a filiação, Kalil rejeitou o rótulo de “candidato da esquerda”, dizendo que o PDT é “de centro-esquerda” e que defende pautas tanto sociais quanto de modernização econômica.
Pesquisa aponta liderança de Cleitinho
Levantamento do Instituto Paraná Pesquisas divulgado em 8.out.2025 mostra o senador Cleitinho Azevedo (Republicanos) na frente da corrida com 40,6% na sondagem estimulada. Kalil aparece em segundo lugar com 13,5%, seguido por Pacheco (13%), Marília Campos (PT) com 10,6% e Simões com 5,9%.
A pesquisa ouviu 1.505 eleitores em 68 municípios entre 1º e 5 de outubro, com margem de erro de 2,6 pontos percentuais e 95% de confiança.
Risco de desgaste para Cleitinho
Apesar da vantagem numérica, Cleitinho enfrenta atrito com a família Bolsonaro após declarar que teria “quitado a dívida” de gratidão pelo apoio recebido em 2022. A declaração gerou críticas de Eduardo Bolsonaro (PL-SP). O senador pediu desculpas nas redes sociais e ressaltou ter assinado pedidos de impeachment contra ministros do STF.
Cleitinho afirmou que não disputará o governo caso o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) seja lançado candidato, tornando o apoio do PL decisivo para sua permanência na disputa.
PSD busca apoio do PL
Para o cientista político Adriano Cerqueira, do Ibmec-BH, o desgaste de Cleitinho pode abrir caminho para uma aliança entre PSD e PL em torno de Simões. Kassab, que integra o governo paulista, trabalha por uma frente nacional de centro-direita que inclui o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP) e mantém a possibilidade de candidatura própria do PSD, tendo o governador paranaense Ratinho Junior como opção.
Durante o ato de filiação, Simões chamou Kassab de “maestro da política nacional” e citou a formação de um bloco com PSD, Novo, PP, União, Podemos, Solidariedade, Mobiliza, PRD e DC para “aprofundar o que Romeu Zema tem feito” em Minas.
Esquerda avalia composição
Kalil é visto como principal nome do campo progressista e pode receber o apoio do PT. Nos bastidores, discute-se a indicação da prefeita de Contagem, Marília Campos, como vice em uma eventual chapa de oposição a Zema.
Analistas lembram que o ex-prefeito deixou o cargo em 2022 para concorrer ao governo, sendo derrotado no primeiro turno, e que a Região Metropolitana de Belo Horizonte não chega a um terço do eleitorado mineiro, o que aumenta o desafio para ganhar capilaridade estadual.
Com as novas filiações, partidos e pré-candidatos ajustam estratégias enquanto aguardam a consolidação de alianças federais e regionais até 2026.
Com informações de Gazeta do Povo