Brasília – A Operação Freedom, deflagrada na terça-feira, 4 de novembro de 2025, pela Polícia Civil da Bahia em conjunto com a Polícia Civil do Ceará, motivou elogios de parlamentares e personalidades ligadas à esquerda por ter sido conduzida “sem um único disparo”. A ação, que cumpriu 90 mandados judiciais contra integrantes do Comando Vermelho (CV), ocorreu nos dois estados governados pelo PT – Jerônimo Rodrigues (BA) e Elmano de Freitas (CE).
Entre os que se manifestaram estão o deputado federal Rogério Correia (PT-MG), o senador Orlando Silva (PCdoB-SP) e o jornalista Willian De Lucca. Silva destacou “o contraste quando se usa inteligência”, defendendo que assim “prende-se os graúdos e não se aterroriza as comunidades”. A deputada Dandara Tonantzin (PT-MG) classificou a iniciativa como “segurança pública focada na raiz”, enquanto Kiko Celeguim (PT-SP) afirmou que “segurança pública se faz com inteligência, não com carnificina”.
Operação menor que a do Rio
Os dados oficiais, porém, indicam diferenças em relação à Operação Contenção, conduzida pela Polícia Civil do Rio de Janeiro em 2024. No Rio, foram expedidos 180 mandados – o dobro do total cumprido na Bahia e no Ceará – e 117 civis morreram durante a ação. De acordo com a corporação fluminense, 95% das vítimas tinham vínculo comprovado com o CV e nove chefes do tráfico de cinco estados foram capturados.
Debate sobre uso de inteligência
O emprego de inteligência policial também entrou em discussão. Em entrevista coletiva, o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, afirmou que a PF foi informada previamente sobre a operação no Rio, mas recusou participação por considerar que a ação não era de sua competência. A declaração contrasta com a versão do governo federal de que o governador Cláudio Castro teria atuado “às escuras”. Já o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, sustentou que a comunicação deveria ter ocorrido entre autoridades de primeiro escalão.
Letalidade policial na Bahia
Outro indicador questionado pelos críticos diz respeito ao histórico de mortes decorrentes de intervenções policiais na Bahia. Sob a gestão de Jerônimo Rodrigues, a Polícia Militar baiana matou o dobro de pessoas que a PM de São Paulo até outubro de 2024, mesmo com a população paulista sendo três vezes maior, segundo o IBGE. O Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2024 aponta a PM da Bahia como a segunda mais letal do país, atrás apenas da do Amapá.
Números do Rio em queda
No Estado do Rio de Janeiro, o Instituto de Segurança Pública (ISP-RJ) registrou 699 mortes provocadas por agentes do Estado em 2024, queda de quase 20% em relação a 2023.
As comparações entre as distintas operações e os índices de letalidade alimentam o debate sobre os modelos de atuação policial adotados nos estados governados por legendas diferentes.
Com informações de Gazeta do Povo