Brasília — Anunciada em agosto de 2025 como a maior federação partidária do país, a União Progressista — formada por União Brasil e Progressistas (PP) — enfrenta impasse para definir candidatos nacionais e estaduais nas eleições de 2026.
Federação gigante, consenso escasso
Com 109 deputados federais, 15 senadores, 1,4 mil prefeitos, cerca de R$ 1 bilhão em fundo eleitoral e 20% do tempo de televisão, a aliança comandada por Antonio Rueda (União) e Ciro Nogueira (PP) deixou o governo Lula em setembro para liderar a oposição de centro-direita. O tamanho da federação, porém, dificulta a conciliação de interesses regionais.
Presidência em disputa
O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União-GO), foi o primeiro a se lançar pré-candidato ao Palácio do Planalto, mas não conta com apoio unificado das duas siglas. Ciro Nogueira já declarou preferência por Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP) e, em alternativa, Ratinho Junior (PSD-PR). O deputado Ricardo Barros (PP-PR) confirma que “não há consenso” sobre Caiado e que o tema seguirá em debate até as convenções.
Caiado, por sua vez, lembra que a federação ainda não foi homologada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). “Continuo pré-candidato à Presidência pelo União Brasil”, afirmou à CBN Goiânia, admitindo até trocar de partido, com o Solidariedade como possível destino.
Obrigação de verticalização
A legislação exige que as federações mantenham a mesma aliança nacional nos estados, o que agrava conflitos locais:
- Paraná: o senador Sergio Moro (União) é pré-candidato ao governo, mas o PP lançou a ex-governadora Cida Borghetti. Moro tem o aval do presidente nacional do União, Antonio Rueda, e negocia para manter a candidatura.
- Bahia: ACM Neto (União) desponta para disputar o governo contra o PT, enquanto o PP integra a base do governador Jerônimo Rodrigues (PT).
- Paraíba: o senador Efraim Filho (União) e o vice-governador Lucas Ribeiro (PP) estão em lados opostos na sucessão de João Azevêdo (PSB).
Se não houver acordo, nenhuma candidatura poderá ser registrada pela federação nessas unidades da Federação, alerta Ricardo Barros.
Risco de debandada
Dirigentes admitem que a falta de entendimento pode provocar saídas de filiados na janela partidária de 2026. Nos bastidores, partidos avaliam multas e outras sanções para ministros Celso Sabino (Turismo) e André Fufuca (Esporte), que permaneceram no governo Lula após o desembarque oficial da federação.
A cúpula da União Progressista promete intensificar negociações ao longo de 2025 para unificar palanques e evitar que o maior bloco partidário do Congresso chegue dividido às urnas.
Com informações de Gazeta do Povo