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Troca de insultos e ameaça de prisão marcam depoimento de ex-chefe do INSS na CPMI

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Brasília – 13 de outubro de 2025. O relator da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que apura descontos irregulares em benefícios do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), deputado Alfredo Gaspar (União Brasil-AL), e o ex-presidente da autarquia Alessandro Stefanutto protagonizaram um confronto verbal tenso durante sessão desta segunda-feira.

Logo na primeira pergunta — sobre a data de ingresso de Stefanutto no serviço público — o depoente se amparou em habeas corpus para permanecer em silêncio, afirmando que poderia produzir prova contra si. Gaspar reagiu com a ameaça de decretar prisão em flagrante por suposta violação das regras do salvo-conduto.

Após negociação envolvendo líderes da CPMI e o advogado de defesa, Stefanutto aceitou responder. O clima voltou a azedar quando o relator questionou uma reportagem segundo a qual um advogado teria exigido propina de empresas em nome do ex-presidente do INSS. Stefanutto negou qualquer vínculo e classificou a pergunta como desrespeitosa.

“Me respeite, rapaz, sendo cabeça do maior roubo de aposentados e pensionistas”, retrucou Gaspar. A defesa pediu suspensão da sessão, mas, ao deixar a mesa, Stefanutto apontou o dedo para o parlamentar, que retribuiu o gesto.

Em conversa com jornalistas após a interrupção, o relator criticou o habeas corpus preventivo concedido pelo ministro Luiz Fux. “Ele chega com uma autoridade de araque. Só falta depoente urinar na mesa com esses habeas corpus vergonhosos”, declarou Gaspar, acrescentando que teria dado voz de prisão por desacato se estivesse na presidência.

Investigação e afastamento

Stefanutto foi afastado do comando do INSS em abril, por determinação judicial, na esteira da Operação Sem Desconto, que investiga descontos associativos não autorizados em aposentadorias e pensões. Na ocasião, a Polícia Federal realizou buscas em seu apartamento em Brasília e na sede do instituto. A apuração indica possível omissão do ex-gestor ao permitir a cobrança irregular.

O habeas corpus concedido por Fux autorizou Stefanutto a permanecer em silêncio na CPMI, a ser acompanhado por defensor e a se comunicar livremente com ele. Para o presidente da comissão, senador Carlos Viana (Podemos-MG), a decisão repete um padrão que, segundo ele, enfraquece investigações parlamentares. “A verdade fala pelos fatos, extratos e contas; ninguém vai nos fazer parar”, disse.

Com informações de Gazeta do Povo