Brasília – Com o slogan “Reaja, Brasil”, oposicionistas e simpatizantes do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) organizam manifestações para este domingo, 7 de Setembro, em dezenas de cidades brasileiras. As duas bandeiras centrais são a anistia dos condenados pelos eventos de 8 de janeiro e o afastamento do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Agenda política acirrada
Os protestos acontecem em um momento de forte tensão institucional. A Primeira Turma do STF iniciou em 2 de setembro o julgamento que acusa Bolsonaro de articular um golpe em 2022. Paralelamente, o ex-assessor Eduardo Tagliaferro levou ao Senado denúncias contra Moraes, a CPMI do INSS apura supostas fraudes bilionárias e, no Congresso, grupos de oposição pressionam pela votação de um projeto de anistia.
Dentro do Legislativo, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), articula uma proposta apelidada de “anistia light”, que reduziria penas de condenados pelos atos de 8 de janeiro, mas deixaria de fora Bolsonaro e os principais organizadores das invasões às sedes dos Três Poderes.
Presenças confirmadas
A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro deve estar na Avenida Paulista, em São Paulo, ao lado do pastor Silas Malafaia, principal mobilizador dos atos nas redes sociais. O governador paulista Tarcísio de Freitas (Republicanos) e o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) também anunciaram participação no mesmo ato.
Em Belo Horizonte (MG), quem puxa a mobilização é o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG). Na capital federal, o protesto ocorrerá no estacionamento da Funarte, atrás da Torre de TV, conforme orientação da Polícia Militar. Devem discursar a senadora Damares Alves (Republicanos-DF), o senador Izalci Lucas (PL-DF), a deputada Bia Kicis (PL-DF) e o ex-desembargador Sebastião Coelho (Novo-DF).
Discurso dos organizadores
Nas redes sociais, Malafaia afirma que a mobilização “é pela liberdade e contra a perseguição política” representada, segundo ele, pelo julgamento de Bolsonaro. Flávio Bolsonaro classificou o ato como “um grito de liberdade” e prometeu “milhões de brasileiros nas ruas”. Já Sebastião Coelho atacou a proposta de “anistia light”, chamando-a de “farsa” e defendendo pressão direta sobre o Congresso.
O vice-líder da oposição, deputado Ubiratan Sanderson (PL-RS), disse que o 7 de Setembro é a ocasião para “mostrar que não aceitamos perseguições”. O líder da oposição no Senado, Rogério Marinho (PL-RN), acrescentou que as manifestações pretendem manter viva a “chama da indignação” contra decisões que, na visão dele, ferem a liberdade de expressão.
Análise de especialistas
Para o analista político Alexandre Bandeira, o tamanho dos protestos é imprevisível, mas a proximidade com o julgamento de Bolsonaro pode levar mais pessoas às ruas. Ele avalia que grandes multidões, se pacíficas, podem aumentar a pressão sobre o STF e acelerar a tramitação da anistia no Congresso.
Já o advogado André Marsiglia, especialista em liberdade de expressão, considera que as manifestações podem servir de termômetro para parlamentares, mas não devem influenciar o resultado do julgamento no Supremo. “A tendência dos ministros já está clara há algum tempo”, afirmou.

Imagem: Joéds Alves
Locais e horários
Os organizadores divulgaram atos em todas as regiões do país. Entre as capitais, estão previstas concentrações em:
- São Paulo (SP) – Avenida Paulista, 15h
- Rio de Janeiro (RJ) – Praia de Copacabana, 10h
- Belo Horizonte (MG) – Praça da Liberdade, 10h
- Brasília (DF) – Estacionamento da Funarte, 9h
- Salvador (BA) – Farol da Barra, 9h
- Fortaleza (CE) – Praça Portugal, 16h
- Porto Alegre (RS) – Parcão (Av. Goethe), 14h
- Curitiba (PR) – Praça Nossa Senhora de Salete, 14h
Também há atos confirmados em cidades médias, em municípios do interior e em localidades do exterior, como Nova York, Orlando, Barcelona e Toronto.
O movimento usa grupos de mensagens e perfis em redes sociais para atualizar a lista completa de pontos de encontro e horários.
A expectativa de organizadores é de manifestações pacíficas, mas a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) informou que fará monitoramento em Brasília, e a Polícia Militar de cada estado montou esquemas de segurança específicos.
As concentrações do 7 de Setembro serão o primeiro grande teste de mobilização da direita em 2025, ano que já apresenta clima eleitoral antecipado para a disputa presidencial de 2026.
Com informações de Gazeta do Povo