A deputada federal Júlia Zanatta (PL-SC) foi alvo de uma representação apresentada à Procuradoria-Geral da República (PGR) por dois colegas do PT. O pedido, protocolado pelos deputados Pedro Uczai e Ana Paula Lima, cobra investigações criminal, administrativa, eleitoral e disciplinar contra a parlamentar.
O caso teve início durante a entrega de uma viatura à Polícia Civil de Criciúma (SC). No evento, registrado em vídeo, Zanatta declarou que gostaria de ver o veículo “prendendo o maior corrupto do Brasil, o nove dedos” — referência ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A gravação circulou nas redes sociais e motivou a reação dos petistas.
Itens da representação
No documento, Uczai e Lima solicitam que a PGR:
- remeta o caso à Controladoria-Geral da União (CGU) para apurar possível improbidade administrativa;
- envie o material ao Ministério Público Eleitoral, apontando propaganda antecipada em desacordo com o artigo 36 da Lei 9.504/1997;
- avalie eventuais crimes de injúria, calúnia e difamação contra Lula.
Para os parlamentares do PT, a deputada usou a entrega da viatura para autopromoção, violando o princípio da impessoalidade previsto no artigo 37 da Constituição. Eles sustentam ainda que, ao atribuir a Lula o crime de corrupção, Zanatta ultrapassou os limites da imunidade parlamentar, já que a fala não estaria ligada à atividade legislativa.
Defesa da deputada
Zanatta classificou a acusação como “absurda” e disse tratar-se de “prestação de contas”, uma vez que a viatura foi comprada com emenda parlamentar. “É censura política; não cometi crime algum”, afirmou à Gazeta do Povo. Segundo ela, o PT tenta “intimidar quem não se curva”.
Em vídeo publicado nas redes sociais da deputada, o marido dela, o advogado Guilherme Colombo, chamou a iniciativa dos petistas de “perseguição” e acusou o partido de recorrer à Justiça quando “não vence no debate político”. Nas imagens, ele cita que Ana Paula Lima teria sido a parlamentar catarinense que mais gastou com divulgação de atividade em 2024, somando mais de R$ 326 mil.
Antecedentes
Em agosto, partidos de esquerda também criticaram Zanatta por levar a filha, ainda bebê, à ocupação do plenário da Câmara durante protesto após a concessão de prisão domiciliar ao ex-presidente Jair Bolsonaro. O deputado Reimont (PT-RJ) acionou o Conselho Tutelar, alegando violação do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
Até o fechamento desta reportagem, os deputados Uczai e Ana Paula Lima não haviam comentado a nova representação.
Com informações de Gazeta do Povo