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CPMI aguarda depoimento do “careca do INSS” sobre fraude de R$ 53 milhões e vínculos políticos

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Brasília — A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que apura irregularidades no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) deve ouvir nesta segunda-feira, 15 de setembro, o lobista Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “careca do INSS”. Preso pela Polícia Federal na última sexta-feira (12), Antunes conseguiu no Supremo Tribunal Federal o direito de comparecer apenas se quisesse, mas o presidente do colegiado, senador Carlos Viana (Podemos-MG), afirmou que a presença está confirmada.

Quem é o “careca do INSS”

Sem vínculo funcional com o INSS, Antunes fez carreira nos bastidores do sistema previdenciário. Atuava como intermediário entre associações de aposentados e empresas que vendem serviços a beneficiários, área na qual, segundo a Polícia Federal, movimentou mais de R$ 53 milhões por meio de ao menos 22 empresas, muitas delas sociedades de propósito específico criadas para dificultar a fiscalização.

Pagamentos a servidores e indícios de lavagem

As investigações apontam que o lobista teria repassado R$ 9,3 milhões a ex-dirigentes do INSS:

  • Virgílio Filho, ex-procurador-geral, cuja esposa recebeu R$ 7,54 milhões e um Porsche Taycan;
  • André Fidelis, ex-diretor, cujo filho recebeu R$ 1,46 milhão via escritório de advocacia;
  • Alexandre Guimarães, ex-diretor, beneficiado com R$ 313 mil.

Há ainda suspeita de lavagem de dinheiro: em menos de seis meses, o mesmo imóvel, avaliado em R$ 353 milhões, foi repassado diversas vezes entre o lobista e a esposa, operação analisada pela PF em dados de 2022 a 2024.

Rota dentro do INSS e no Congresso

Para mapear a influência de Antunes, a CPMI aprovou em 28 de agosto pedido do senador Izalci Lucas (PL-DF) que requer o registro de suas visitas ao INSS de 2019 a 2025. O colegiado também solicitou ao Senado e à Câmara acesso às entradas do lobista desde 2011 e 2015, respectivamente, mas a Casa Alta impôs sigilo de 100 anos, alegando proteção de dados pessoais.

Conexões políticas em xeque

Até o momento, apenas o senador Weverton Rocha (PDT-MA) reconheceu ter se encontrado com Antunes, negando qualquer irregularidade. Em sessão de 4 de setembro, o deputado Alfredo Gaspar (União-AL) questionou se o lobista pagava “mesada” a parlamentares ou mantinha ligação com ministros da Previdência; o advogado Eli Cohen, testemunha ouvida, disse desconhecer tais relações.

Parceria com Maurício Camisotti

A CPMI também pretende detalhar a sociedade de Antunes com o empresário Maurício Camisotti, preso na mesma operação de sexta-feira. Segundo a PF, Camisotti era sócio oculto de entidades de fachada — como Ambec, Cebap e Unsbras — usadas para aplicar descontos ilegais em benefícios. Controlada por ele, a THG (Total Health Group) é citada como central logística do esquema.

Camisotti já aparece em relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) que o aponta como financiador oculto da Precisa Medicamentos, empresa investigada na CPI da Covid por contrato de vacinas com sobrepreço de R$ 18 milhões. Seu depoimento à CPMI, previsto para quinta-feira (18), também foi tornado facultativo.

Enquanto aguarda as oitivas, a CPMI reúne documentos bancários, fiscais e registros de acesso a prédios públicos para esclarecer a extensão da rede que operava descontos indevidos em aposentadorias e pensões.

Com informações de Gazeta do Povo