Brasília — 23 nov. 2025. A defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro enviou ao Supremo Tribunal Federal (STF) manifestação em que atribui a uma “confusão mental” provocada por interação de medicamentos a violação da tornozeleira eletrônica, um dos motivos que fundamentaram sua prisão preventiva no sábado (22).
O documento foi apresentado neste domingo (23) em resposta à determinação do ministro Alexandre de Moraes, que concedeu 24 horas para os advogados explicarem o dano registrado pela Secretaria de Administração Penitenciária do Distrito Federal (SEAP).
Medicamentos em conflito
Assinado pelos advogados Celso Vilardi, Paulo Bueno e Daniel Tesser, o texto afirma que Bolsonaro sofre de comorbidades que exigem tratamento contínuo e faz uso de medicamentos que atuam no sistema nervoso central. Segundo boletim médico anexado, a introdução do remédio pregabalina, receitado por outra médica durante o feriado de quinta-feira (20), teria interagido de maneira inadequada com clorpromazina e gabapentina, utilizados para controlar crises de soluço persistentes desde a facada de 2018.
O laudo anexado aponta que a pregabalina pode causar alterações do estado mental, confusão, desorientação, distúrbios de equilíbrio, sedação, alucinações e transtornos cognitivos. De acordo com a defesa, esses efeitos teriam levado Bolsonaro a acreditar que havia um dispositivo de escuta na tornozeleira, motivando-o a abrir a tampa com um ferro quente.
Vídeo da SEAP
A SEAP encaminhou ao processo um vídeo que mostra a troca do equipamento. Nas imagens, afirmam os advogados, é possível ver a pulseira intacta e o ex-presidente falando de forma arrastada, o que, segundo eles, comprovaria o quadro de confusão mental.
Sem tentativa de fuga, diz defesa
Os representantes de Bolsonaro afirmam que não houve intenção de retirar a tornozeleira nem de fugir. Argumentam que a residência do ex-presidente, localizada em condomínio fechado de Brasília, é monitorada permanentemente por policiais federais, condição que impediria qualquer evasão mesmo se o aparelho fosse desligado.
Pedido de prisão domiciliar humanitária
Diante das novas informações médicas, a defesa reiterou o pedido de prisão domiciliar em caráter humanitário. Os advogados sustentam que a idade avançada de Bolsonaro, somada aos efeitos adversos dos medicamentos e ao estresse, justificam a substituição da prisão preventiva.
O STF ainda não se pronunciou sobre a solicitação.
Com informações de Gazeta do Povo