Brasília – 04 de dezembro de 2025, 16h04. O ex-procurador da República Deltan Dallagnol classificou como “golpe da blindagem” a decisão monocrática do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que alterou pontos centrais da Lei do Impeachment aplicada aos integrantes da própria Corte.
Em participação no programa Última Análise, exibido na quarta-feira (3), Dallagnol afirmou que a medida “coloca barricadas” para impedir a responsabilização de magistrados do STF por eventuais crimes ou abusos. A nova interpretação transfere exclusivamente ao procurador-geral da República a prerrogativa de apresentar denúncia contra ministros e eleva de maioria simples para dois terços o quórum necessário no Senado para aprovar a abertura de processo de destituição.
Críticas no meio jurídico e político
O jurista André Marsiglia avaliou que a urgência da decisão tem relação com as eleições de 2026. Segundo ele, o STF tenta se antecipar à possibilidade de um Senado com perfil mais à direita, disposto a admitir pedidos de impeachment.
Líder da Casa, o senador Davi Alcolumbre (União-AP) declarou que estuda apresentar proposta de emenda à Constituição para restabelecer as regras suspensas por Gilmar Mendes e preservar as prerrogativas do Senado. Outros parlamentares também protestaram contra a mudança, lembrando que o próprio ministro já é alvo de diversos requerimentos de impedimento.
Para o escritor Francisco Escorsim, a competência dos senadores foi “usurpada” e a resposta deveria ser imediata: “O mais coerente seria a abertura de um impeachment do ministro, porque a decisão é flagrantemente inconstitucional”, disse.
Toffoli determina buscas em vara da Lava Jato
Na mesma edição do programa, Dallagnol comentou os mandados de busca e apreensão cumpridos pela Polícia Federal na 13ª Vara Federal de Curitiba. A operação, autorizada pelo ministro Dias Toffoli, mirou documentos e equipamentos eletrônicos que não haviam sido entregues anteriormente à Corte. “É novamente Toffoli agindo para fazer terra arrasada da Operação Lava Jato”, criticou o ex-procurador.
Lula telefona para Trump
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) manteve diálogo de cerca de 40 minutos, na terça-feira (2), com o presidente norte-americano Donald Trump. No centro da conversa estiveram o tarifaço aplicado a produtos brasileiros e o avanço do crime organizado transnacional. Na avaliação de Dallagnol, Trump só cogitará rever tarifas mediante contrapartidas e continuará atento a questões internas do Brasil.
O Última Análise vai ao ar de segunda a sexta-feira, das 19h às 20h30, no YouTube da Gazeta do Povo, com debates sobre temas de relevância nacional.
Com informações de Gazeta do Povo
