Brasília – O ministro Cristiano Zanin, hoje presidente da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), consolidou nesta quinta-feira, 11 de setembro de 2025, seu posicionamento na ação penal que acusa o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outras sete pessoas de tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. A decisão foi tomada após o voto da ministra Cármen Lúcia.
Indicação e posse no Supremo
Em 1º de junho de 2023, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) indicou Zanin para a vaga aberta com a aposentadoria do ministro Ricardo Lewandowski. O Senado aprovou o nome em 21 de junho, por 58 votos a favor e 18 contrários, e a posse ocorreu em 3 de agosto do mesmo ano. Segundo as regras atuais, o ministro poderá permanecer na Corte até 2050.
Formação e carreira jurídica
Nascido em 1976, em Piracicaba (SP), Cristiano Zanin formou-se em Direito pela PUC-SP em 1999 e especializou-se em Direito Processual Civil na mesma universidade. Ele lecionou Direito Civil e Direito Processual Civil na Faculdade Autônoma de Direito (Fadisp) e atuou em casos de grande repercussão, como a recuperação judicial da Varig, a falência da Transbrasil e o acordo de leniência da J&F.
Atuação na Lava Jato e no exterior
Zanin ganhou projeção nacional ao assumir a defesa de Lula na Operação Lava Jato. Como advogado, levou denúncias sobre o processo à Organização das Nações Unidas (ONU) e coordenou a estratégia que culminou na anulação das condenações do petista, restituindo-lhe os direitos políticos e viabilizando a candidatura de 2022.
Participação na campanha de 2022
Além da defesa pessoal, o jurista integrou a campanha eleitoral de Lula em 2022 e participou do gabinete de transição após a vitória. Seu escritório recebeu cerca de R$ 1,2 milhão do fundo eleitoral por serviços jurídicos prestados durante a disputa.
Imagem: Marcelo Camargo
Votos e decisões no STF
Desde que tomou posse, Zanin:
- votou contra a descriminalização do porte de maconha para uso pessoal, embora tenha defendido critérios que diferenciem usuário de traficante;
- manifestou-se contra o marco temporal das terras indígenas;
- considerou inválidas normas que restringiam a participação feminina em concursos para forças de segurança;
- suspendeu decretos de municípios catarinenses que dispensavam comprovante de vacinação contra a Covid-19 para matrícula escolar;
- como relator, derrubou decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e autorizou o compartilhamento, sem ordem judicial prévia, de dados do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) em investigações policiais;
- acompanhou o ministro Alexandre de Moraes na determinação que suspendeu a plataforma X no Brasil.
Com trajetória marcada pela defesa de Lula e por decisões de impacto no Supremo, Cristiano Zanin consolidou-se como figura central do Judiciário brasileiro.
Com informações de Gazeta do Povo